Os treinos dos escalões de formação das modalidades desportivas de médio risco voltarão a ser permitidos na segunda-feira, após 13 meses de paragem global, no início da terceira fase do plano de desconfinamento em Portugal.
Depois do regresso da prática de desportos de baixo risco e da atividade física ao ar livre ou em ginásios e academias até quatro pessoas, em 5 de abril, o Conselho de Ministros decidiu prosseguir a estratégia de reabertura deste sector face à pandemia de covid-19.
No lote de novidades estão as principais modalidades coletivas, casos do andebol, basquetebol, futebol, futsal, hóquei em patins e voleibol, cujas divisões profissionais prosseguiram durante o segundo confinamento geral, em vigor desde 15 de janeiro.
Corfebol, futebol de praia, hóquei e hóquei em linha, polo aquático, aquatlon, hóquei subaquático e râguebi subaquático também voltarão ao ativo, tal como o râguebi em cadeira de rodas, que completará o leque de desportos para pessoas com deficiência.
A retoma dos escalões jovens começou a ser ensaiada no segundo semestre de 2020, quando a recém-criada orientação n.º 036/2020 da Direção-Geral da Saúde (DGS) impunha um distanciamento social de três metros em treinos sem horizonte competitivo.
Essa realidade foi descontinuada com a imposição da segunda vaga de confinamento e passou agora a contemplar a obrigatoriedade da realização de um teste laboratorial com resultado negativo ao novo coronavírus até 72 horas antes do início das atividades desportivas.
Em causa estão todos os praticantes jovens de modalidades rotuladas de médio e alto risco, numa extensão às equipas técnicas e demais intervenientes dependente de uma avaliação de risco e posterior decisão pelas federações, clubes e entidades promotoras.
A atualização da norma da DGS obriga a esforços logísticos acrescidos, que múltiplos organismos têm estado empenhados em tentar simplificar, ao disponibilizarem-se para custear a aquisição dos testes rápidos de pesquisa de antigénios ou PCR necessários.
É o caso das federações das principais modalidades de pavilhão e de várias associações de futebol – em determinados casos com o apoio das autarquias -, perante a fragilidade financeira do tecido desportivo nacional, com inúmeros clubes a lutar pela sobrevivência.
O processo direciona para os clubes a execução da testagem, sempre efetuada por um profissional de saúde e em consonância com o respetivo número de atletas federados, sendo que um resultado positivo obriga à realização de um PCR nas 48 horas seguintes.
No caso de algumas associações de futebol, a isenção ou redução do pagamento de taxas de inscrição e seguros incita a uma eventual retoma competitiva na quarta fase de desconfinamento, a partir de 3 de maio, a par dos desportos de alto risco de contágio.
A solidariedade de diversos agentes foi saudada na sexta-feira pelo secretário de Estado da Juventude e do Desporto, que revelou ter recebido “muitas mensagens de pais e famílias desejosas que os seus mais novos recomecem a sua prática desportiva”.
“São dezenas de milhares de crianças e jovens que não competem ou treinam de forma livre há um ano. Os escalões de formação não terminaram a época desportiva passada e não iniciaram esta em curso. A oportunidade que se abre a todos é muito relevante”, destacou João Paulo Rebelo, à margem dos Europeus de judo, a decorrerem em Lisboa.
A expectativa é minimizar os danos da pandemia na formação, que, apesar de se ter reinventado à distância, reteve apenas 89.792 atletas dos quase 252.704 inscritos nas federações de andebol, basquetebol, futebol, hóquei em patins e voleibol em 2019/20.
O regresso do desporto de base das modalidades de médio risco, que “não permitem o distanciamento entre atletas, ainda que não impliquem contacto face a face”, dá-se em simultâneo com a retoma nacional do ensino presencial nos níveis secundário e superior.
Em função da evolução pandémica favorável, o Governo tenciona também expandir a partir de segunda-feira a atividade física ao ar livre até grupos de seis pessoas e manter os ginásios sem aulas de grupo em quase todos concelhos do território continental.
Exceções são Alandroal, Albufeira, Carregal do Sal, Figueira da Foz, Marinha Grande e Penela, todos com uma taxa de incidência superior a 120 casos por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias, que continuarão a respeitar a atual fase de desconfinamento.
Já Moura, Odemira, Portimão e Rio Maior, caracterizados por uma incidência acima dos 240 casos por 100.000 habitantes, irão regredir para a etapa inaugural, estando proibidas as modalidades de baixo risco e limitada a atividade física ao ar livre a título individual.
Apesar da reabertura da generalidade dos sectores a três velocidades, o Governo continua a defender a ausência de público nos recintos, medida decretada desde março de 2020, quando Portugal enfrentou o primeiro confinamento geral e todo o desporto foi suspenso.
“É evidente que, antes da próxima época, seguramente não haverá adeptos nos estádios. É uma questão que está resolvida e clara”, declarou o primeiro-ministro António Costa na quinta-feira, logo após a avaliação da situação pandémica em Conselho de Ministros.