A Federação Distrital do Partido Socialista não deu seguimento à recandidatura do atual presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande, Valdemar Alves. O nome tinha sido proposto pela concelhia do PS de Pedrógão Grande mas, na reunião da distrital, que decorreu na noite de segunda-feira, a candidatura do autarca acabou por não ser validada.
Houve 26 votos contra a recandidatura de Valdemar Alves, que enfrenta processos na justiça relacionados com os incêndios de 2017 e com a reconstrução de casas, e 22 a favor, avança o presidente da distrital do PS, Walter Chicharro, ao REGIÃO DE LEIRIA.
Antes de arrancar o processo autárquico, a direção nacional do PS anunciou que, por princípio, um presidente em exercício que o deseje terá a possibilidade de se recandidatar. Foi com base nessa premissa que a concelhia avançou com o nome de Valdemar Alves, comenta o presidente da estrutura local do PS de Pedrógão Grande, Nelson Fernandes, ao REGIÃO DE LEIRIA. “A ratificação dos nomes pela distrital faz parte dos estatutos, mas não é vinculativa”, acrescenta o responsável, que é também o vice de Valdemar na câmara de Pedrógão.
Walter Chicharro diz que “a distrital está em contacto com a direção nacional [do PS] para resolver o assunto”. Nelson Fernandes, que tinha defendido que o projeto autárquico em Pedrógão Grande deveria ter continuidade, afirma que a concelhia “acatará a decisão” tomada no seio de “um partido democrático” e que “a batata quente está agora nas mãos da nacional”.
O presidente da concelhia diz também que “esta é mais uma das situações” em que “o nome de Pedrógão serve de arma de arremesso político”.
Ex-inspetor da Polícia Judiciária, Valdemar Alves tem 72 anos e é presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande desde 2013, ano em que foi eleito pelo PSD. Em 2017, poucos meses depois dos grandes incêndios florestais, foi candidato PS, tendo vencido novamente as eleições.
Em janeiro, o autarca foi acusado de 11 crimes pelo Ministério Público, sete de homicídio por negligência e quatro de ofensa à integridade física por negligência, todos no contexto dos incêndios de junho de 2017. Está também a decorrer o julgamento sobre a reconstrução irregular de casas destruídas pelo fogo. Há 28 arguidos no banco dos réus e Valdemar Alves é um deles.