Fadiga, tosse e dores musculares são alguns dos principais sintomas que mais de 60% dos doentes hospitalizados com Covid-19 continuam a sentir, seis meses após a alta médica.
A conclusão é de um estudo revelado esta semana, publicado na revista da especialidade Clinical Microbiology and Infection, que foi realizado em França, com uma amostra de 1.137 doentes que estiveram hospitalizados, entre janeiro e abril de 2020, devido à infeção pelo novo coronavírus.
Em França, 83% dos pacientes internados com Covid-19 em estado grave ou crítico, conseguiram sobreviver após 60 dias mas as sequelas permaneciam em muitos deles e são agora alvo de vários estudos.
Neste caso em particular, segundo a análise, feita pelo Instituto Nacional da Saúde e da Investigação Médica, um quarto dos doentes apresentava três ou mais sintomas e 2% (20 deles) tiveram mesmo de ser internados novamente após seis meses da primeira alta hospitalar.
Entre os sintomas persistentes mais evocados pelas pessoas, com uma média de idade de 61 anos, nas consultas de seguimento, três e seis meses após a alta clínica, contam-se a fadiga, as dificuldades respiratórias e dores musculares e articulares.
Os autores do estudo verificaram uma correlação entre a persistência a longo prazo de sintomas e o grau de gravidade inicial de covid-19: a manifestação de pelo menos três sintomas decorridos seis meses sobre a alta hospitalar é mais frequente nas pessoas que estiveram nos cuidados intensivos.
Os homens apresentam maior risco de desenvolver formas mais graves da doença, enquanto as mulheres parecem ter mais sintomas persistentes ao longo do tempo, revela ainda o trabalho, concluindo que um terço das pessoas que afirmaram continuar com sintomas de covid-19 após seis meses da alta hospitalar não voltou à sua atividade profissional.
Entre os doentes que participaram no estudo, 405 tinha hipertensão, 230 sofria de obesidade e 206 de diabetes (tipo 1 e 2). Apenas 309 dos indivíduos que integraram o estudo não tinham qualquer comorbidade.
A tosse é o sintoma mais persistente ao fim de seis meses e em novo internamento, com os homens a manifestarem mais de 70% esse sintoma, enquanto as mulheres apenas o apresentam em 30% dos casos de internamento.
Ao fim de três é a fatiga o sintoma que prevalece em maior número, atingindo quase 50% dos inquiridos do sexo masculino e 20% das mulheres, reduzindo para menos de 40% nos homens e menos de 20% nas mulheres se o período de tempo em consideração for de seis meses.
O mesmo estudo revela ainda que um quarto dos participantes apresentava três ou mais sintomas persistentes ao fim de meio ano de alta clínica. Além disso, os dados resultantes do estudo sugerem que os sintomas ainda presentes no terceiro mês permanecem até ao mês seis, e há pouca melhoria nessa data quando comparada com a situação clínica do paciente registada ao terceiro mês.
Esses sintomas apresentaram consequências incapacitantes, uma vez que um terço dos que tinham uma ocupação profissional não voltaram ao trabalho, como anteriormente referido.
A identificação dos sintomas foi verificada por um médico e não por relatos dos doentes, o que levou os autores do estudo a considerar que apenas os sintomas mais significativos foram manifestados.
Em França, os últimos dados dão conta de mais de três mil casos de infeção por dia e perto de três centenas de óbitos.
Ainda assim o país começa a desconfinar e um dos índices mais importantes, o número de pacientes em estado grave, continua a diminuir, havendo agora 4.870 pacientes nas unidades de cuidados intensivos e há atualmente 25.666 pessoas no hospital por causa da Covid-19. No entanto, o total de mortos desde o início da pandemia é superior a 106 mil.