Há uma força de bloqueio ao desenvolvimento do distrito de Leiria. O eurodeputado Paulo Rangel, eleito pelo PSD, recuperou esta tarde, na Batalha, a figura de força de bloqueio, regionalizando-a. E atribui-lhe um rosto: no distrito de Leiria, João Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, é a força de bloqueio comum a vários dossiês que permanecem em aberto.
Quando Cavaco Silva, no início dos anos 90, invocou a figura das forças de bloqueio, apontou o dedo, entre outros, ao então Presidente da República, Mário Soares. Com o passar dos anos, a expressão diluiu-se no discurso político e desta feita regou as críticas do eurodeputado Paulo Rangel.
À cabeça das críticas do eurodeputado, está o processo referente ao tratamento dos efluentes suinícolas e à Estação de Tratamento de Efluentes Suinícolas (ETES) que afinal não avança, como anunciou, recentemente, João Matos Fernandes.
O rio Lis é um dos prejudicados com o dossiê da poluição suinícola que afeta a região e que se perpetua. É também o curso de água que nasce em terras ligadas a Mário Soares, o presidente que permitiu a Cavaco Silva inaugurar as forças de bloqueio no léxico habitual da política lusa.
No final de uma visita de Paulo Rangel, Lídia Pereira e Álvaro Amaro, eurodeputados do PSD, ao distrito de Leiria, ocorrida esta segunda-feira e que envolveu igualmente deputados social-democratas eleitos pelo distrito, o eurodeputado não poupou críticas ao titular da pasta do Ambiente.
Para além de recuperar a expressão que ganhou nova centralidade nos tempos da liderança de Cavaco Silva, cedeu mesmo à tentação de classificar a atuação de João Matos Fernandes na pasta. O eurodeputado ainda afirmou que não tinha a missão de dar notas, mas não resistiu. De zero a vinte, para Paulo Rangel, João Matos Fernandes, merece quatro valores pela sua atuação na pasta.
“O ministro do Ambiente é uma força de bloqueio ao desenvolvimento do distrito”, criticou.
Na conferência de imprensa final, que decorreu na Batalha, – concelho que congelou a regularização de explorações pecuárias até que seja implementado uma solução para os efluentes pecuários – Paulo Rangel sublinhou que a atividade económica inerente à suinicultura é compatível com uma política ambiental responsável.
“É possível ter a economia a funcionar com padrões ambientais excecionais. Mas o ministro [do Ambiente], por ignorância e preconceito, recusa-se a encontrar a solução, e a ETES era solução evidente”, referiu.
A visita inclui igualmente a passagem pela Mata Nacional de Leria. O fogo que, em 2017, consumiu 86% da Mata foi, do ponto de vista florestal, comparável com o terramoto de 1755, referiu o eurodeputado, procurando exemplificar a dimensão do problema. No entanto, “o ministro do Ambiente acredita que por geração espontânea tudo se resolverá”, criticou.
João Matos Fernandes foi ainda visado na questão da eletrificação da Linha do Oeste. Hugo Oliveira, deputado eleito pelo PSD, frisou a necessidade de eletrificar toda a Linha do Oeste, não fazendo parar o projeto em Caldas da Rainha, reforçando o mote antes lançado por Rui Rocha, líder da distrital social-democrata.
Paulo Rangel reforçou que o Plano de Recuperação e Resiliência PRR) terá uma fatia de fundos canalizados para a transição ambiental, considerando ser fundamental a aposta na eletrificação da ferrovia “porque é muto menos poluente e é inaceitável que não seja uma prioridade”.