O Livre anunciou hoje que vai concorrer pela primeira vez à Câmara de Leiria, apostando em Filipe Honório nas próximas autárquicas para “defender a justiça ambiental e social” no concelho.
Escolhido nas primárias do partido, o candidato aposta numa “agenda diferenciadora”, que compense a “lógica muito exploratória dos recursos do concelho a nível ambiental e turístico” do executivo do PS, no poder há 12 anos, e uma oposição que “não tem sido capaz de congregar esforços”.
Filipe Honório, 30 anos, natural de Leiria, consultor de gestão e desenvolvimento local, aponta o ambiente e a habitação como prioridades.
“Vemos o abandono do Pinhal de Leiria, vemos o abandono da lagoa da Ervedeira e de outro património natural do concelho que não tem sido aproveitado, ou tem-no sido apenas na lógica do turismo”, critica o candidato do Livre em declarações à agência Lusa.
Também na área ambiental, Filipe Honório lamenta a “falta de vontade política ao atual executivo” para resolver as descargas no rio Lis e afluentes, que fazem de Leiria “o concelho com maior emissão de efluentes suinícolas em regimento intensivo no país”.
“Não bastam os apoios financeiros que vieram recentemente para a indústria [suinícola]; é preciso uma transição verde para essa indústria, para que as pessoas que dependem dela consigam manter uma fonte de rendimentos, mas que venha de uma atividade mais sustentável”, sublinha.
Porque “uma cidade tem de ser um sítio para viver e não meramente um parque temático”, o candidato mostra-se contra a “aposta em eventos temáticos que, na verdade, não trazem o bem-estar e a qualidade de vida que Leiria pode ter”.
Relacionada com essa questão surge a problemática da habitação: “Vemos muito património devoluto no centro da cidade que foi entregue ao abandono. O que foi recuperado está entregue tanto à habitação de luxo como à lógica de mercado, seja para alojamento local ou para os eventos que o executivo promove”.
O Livre propõe, “no âmbito da transferência de competências”, um esforço entre município e agentes locais, “seja a nível associativo ou cooperativo”, para encontrar soluções de recuperação de imóveis destinados à habitação.
“É fundamental para trazer novamente pessoas para viver para Leiria”, diz o candidato, que não avança com metas eleitorais para as autárquicas.
“O Núcleo de Leiria do Livre é recente e vem provar o dinamismo do partido nos últimos anos, que está a aumentar e a consolidar-se num território particularmente difícil para forças progressistas, de esquerda e ecologistas. Esse trabalho é difícil, mas é necessário”.
Para Leiria, foram também anunciadas as candidaturas de Gonçalo Lopes, atual presidente (PS), Álvaro Madureira (PSD), Fábio Seguro Joaquim (CDS-PP), Luís Miguel Silva (BE), Luís Paulo Fernandes (Chega) e Marcos Ramos (Iniciativa Liberal).
Nas últimas autárquicas, em 2017, o PS manteve a liderança da Câmara de Leiria, conquistando oito mandatos, enquanto o PSD obteve três.
A data das autárquicas ainda não foi anunciada, mas, por lei, as eleições decorrem entre setembro e outubro.