O ambiente é apenas uma das causas da Greve Climática estudantil de sexta-feira, cuja “narrativa” distribuída aos ativistas equipara a crise climática ao “sexismo, racismo”, discriminação de deficientes e “desigualdade de classe”.
O protesto, que tem marcadas quase 1.500 ações em vários países do mundo, 14 das quais em cidades portugueses, intima “os colonizadores do Norte” a pagar “a dívida climática pela quantidade desproporcional” de emissões poluentes ao longo da História.
Caldas da Rainha é uma dessas 14 cidades, a que se juntam manifestações em Albufeira, Aveiro, Braga, Coimbra, Faro, Funchal, Guimarães, Lisboa, Mafra, Porto, Santarém, Sines e Viseu.
“A crise climática não existe num vácuo. Outras crises socioeconómicas como o racismo, o sexismo, a discriminação de deficientes, desigualdade de classe e outras amplificam a crise do clima e vice-versa”, lê-se num manifesto divulgado na página internet do movimento “Fridays for Future”.
Nele se fornece aos ativistas que aderem ao protesto uma “narrativa” em que o inimigo do movimento surge claramente identificado: “a elite do Norte Global que causou a destruição das terras dos ‘Povos e Áreas Mais Afetados’ através do colonialismo, imperialismo, injustiças sistémicas e ganância cruel que acabou por causar o aquecimento do planeta”.
É esse “Norte Global” que é “responsável por cerca de 92 por cento das emissões em excesso”, refere o “Fridays for Future”, que considera que a maior parte dos roteiros para a neutralidade carbónica pecam por implicar “efeitos secundários arriscados para as populações locais”, como a perda de território para as florestas que se pretende plantar.
“Precisamos de planos concretos e orçamentos carbónicos anuais, não os planos vagos de neutralidade carbónica com que os líderes mundiais têm acenado”, defendem.
Outras medidas que pedem são “reparações climáticas antirracistas”, o cancelamento de dívidas decorrentes de fenómenos climáticos extremos e “fundos de adaptação” que sirvam as comunidades.
A nível mundial, é na Europa que estão agendadas a maior parte das ações inscritas na página do “Fridays for Future”, sobretudo na Alemanha.
O movimento realiza protestos desde 2018, ano em que a ativista sueca Greta Thunberg, então adolescente, faltou durante várias semanas às aulas em frente ao parlamento sueco.