Um ano de atividade do centro de experimentação artística Casa Varela contribuiu para o “avanço cultural” de Pombal, no distrito de Leiria, mesmo em contexto de pandemia, considera o diretor artístico, Filipe Eusébio.
Cerca de 50 criadores de diferentes áreas artísticas desenvolveram trabalhos no edifício histórico adaptado para acolher residências, exposições, performances e outras atividades culturais.
Num ano, desde novembro de 2020, um total de 23 projetos de música, circo contemporâneo, artes plásticas, pintura e ‘media art’ nasceram na Casa Varela, com a particularidade de mais de metade terem sido assinados por artistas de Pombal.
“Tendo em mente as condições pandémicas, este foi quase um ‘ano zero’ para a Casa Varela. No entanto, estamos felizes, porque já conseguimos realizar 23 projetos diferenciados, dos quais 16 foram realizados por criadores pombalenses”, realça Filipe Eusébio.
Um dos objetivos do centro de experimentação criado pelo município é, precisamente, “potenciar o dinamismo que já existia” em Pombal, o que, com o contributo do novo espaço, se verifica “cada vez mais”.
“Muitas vezes, como acontece noutras cidades de média dimensão, existe necessidade de [os artistas] saírem para outras cidades. O que tentamos fazer é motivar os criadores com origens em Pombal a desenvolverem trabalho na sua cidade. E conseguimos que isso acontecesse”, frisa.
A experimentação é encarada na Casa Varela “não no sentido de experimentalismo”, mas na lógica de “contribuir para o aumento da experiência dos artistas”, proporcionando condições e liberdade criativa, esclarece o diretor artístico, que faz um balanço positivo da atividade também na relação com o público:
“Poder-se-ia dizer que esta era a pior altura para abrir um equipamento destes, mas estamos satisfeitos com a reação do público. Temos tido um crescimento gradual, passo a passo”.
Neste primeiro ano de atividade, em Pombal, surgiram “projetos complementares à programação regular”.
“Isso muito nos satisfaz, porque é um espaço que queremos preencher. Por outro lado, um dos nossos objetivos é podermos contribuir para o avanço cultural do nosso concelho”, vinca o diretor, admitindo que ainda há muito por fazer em Pombal. Afinal, num concelho com pouco mais de 50 mil habitantes, “não há uma companhia de teatro profissional ou um escultor” e é difícil garantir o sustento das artes.
“Há muitos entusiastas, mas, como noutros lados, é difícil as pessoas trabalharem profissionalmente nas artes. O número [que o consegue fazer] é muito reduzido”, conclui Filipe Eusébio.
Para novembro, a Casa Varela anunciou já a programação: a exposição “Metamorfoses”, de Carlos Calika, continua patente até dia 7, podendo ser visitada no horário do espaço: de quarta a sexta, das 16 horas às 20h30, sábado e domingo as portas abrem entre as 10 e as 13 horas.
Já no dia 5, há concerto de Salomé, projeto de Pedro e Helena Freitas que gravou “live sessions” na Casa em agosto e que agora apresenta ao público no piso -1, “bem junto ao rio”, o novo disco “Terra molhada”. Com início às 21h30, tem entrada livre, com reservas pelo 236 210 557.
No dia 6 de novembro há concerto ao final da tarde (18h30) com Fio-Manta, que junta Leonel Mendes e Pedro Grácio no cruzamento entre a música contemporânea e as raízes tradicionais.
“Vistas para quases”, de João do Vale e João Costa Gonçalves, junta a pintura do primeiro aos ambientes sonoros cruzados pelo segundo, numa proposta para descobrir em Pombal a partir de 11 de novembro. A inauguração o resultado desta residência artística a quatro mãos é às 18 horas.
O mesmo João Costa Gonçalves revela “Tiago Sarrafado, Arrumador de heterónimos” no dia 13. Trata-se de um concerto comentado, baseado num diálogo com João do Vale a propósito da cidade de Pombal.
A fechar o mês, Casa Varela volta a mostrar a performance “é.ter|è|ter”, no dia 28, com as bailarinas Bárbara Cordeiro e Andreia Serrada.
Em paralelo, decorrem residências artísticas de Gabriela Coughlan, Lídia Carrola (ambas de pintura) e Roberto Caetano (instalação em impressão 3D).