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Sociedade

ACAPO e APD lutam pela defesa dos direitos das pessoas com deficiência no distrito de Leiria

Ajudar pessoas com deficiência é o trabalho diário da APD-Leiria e da delegação de Leiria da ACAPO. São estas as instituições que a campanha “Fazer o bem olhando a quem” apoia este ano.

A equipa da ACAPO apoia 260 utentes no distrito de Leiria RL

Estacionar o carro em cima do passeio “só por cinco minutos” poderá parecer, à partida, um ato inofensivo. Os peões que por ali circulam poderão desviar-se. E se não conseguirem ver?

Este é apenas um exemplo dado por Liliana Vicente para comprovar como uma situação tida como simples se torna desafiante para um deficiente visual. Outros casos serviriam de prova, aponta a presidente da direção, da delegação de Leiria, da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO).

Para dar apoio a quem sofre de incapacidade visual, superior a 60 por cento, e às suas famílias, foi fundada, a 19 de maio de 2001, a delegação de Leiria da ACAPO. A associação trabalha com 260 utentes, distribuídos pelos 16 concelhos do distrito de Leiria.

Liliana Vicente tornou-se presidente da direção no final de 2018 e o que começou por ser “mais uma aventura” tornou-se numa verdadeira missão de vida: “[Este cargo] significa contribuir e ajudar as pessoas que precisam e dar apoio para as tirar de casa, porque há muitas pessoas que ficam cegas e não encaram bem a situação”, explica.

Para atingir esse objetivo, a responsável conta com a sua experiência pessoal como caso de sucesso. Há cerca de 12 anos, a diabetes causou-lhe cegueira total, quando tinha já um filho, o Samuel, na altura com 10 anos. Poucos meses depois engravidou da Leonor e acredita que foi aí que encontrou a força para superar as dificuldades impostas pela cegueira.

Antes da chegada da pandemia, a ACAPO realizava diversas atividades com os utentes, nomeadamente visitas a monumentos como o Mosteiro da Batalha Foto: ACAPO

“Foi uma revolução na minha vida, mas ao mesmo tempo ajudou-me a não pensar muito nisso, debrucei-me mais sobre a gravidez”, adianta.

Ana Carvalho, diretora técnica e psicológa na delegação de Leiria da ACAPO, afirma ser essencial os utentes ouvirem esta experiência e ser dado “este primeiro passo, extremamente importante”.

A partir daí, são diversos os serviços que os utentes podem usufruir na associação, situada na loja E, no lote 20 da avenida Adelino Amaro da Costa, em Leiria: serviço social, psicologia, estimulação e desenvolvimento, reabilitação (orientação e mobilidade e atividades da vida diária) e prescrição de produtos de apoio.

São ainda desenvolvidas atividades em conjunto com a equipa do Centro de Atendimento, Acompanhamento e Reabilitação de Pessoas com Deficiência (CAARPD), como assessoria ao nível das acessibilidades, ações de consciencialização dirigidas à comunidade e atividades associativas nas áreas da cultura, lazer e desporto.

“[Este cargo] significa contribuir e ajudar as pessoas que precisam e dar apoio para as tirar de casa, porque há muitas pessoas que ficam cegas e não encaram bem a situação”

Liliana Vicente
presidente da direção da delegação de Leiria da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal

A ACAPO trabalha com todas as faixas etárias e diferentes realidades sociais, apesar da “deficiência visual não ser muito prevalente, quando comparada com outras deficiências”, adianta Ana Carvalho.

O trabalho próximo com as pessoas que precisam é o que mais entusiasma a equipa. “O que mais me motiva é poder estar no terreno e ir ao encontro das pessoas”, assegura a diretora técnica. E Tânia Felício, técnica de orientação e mobilidade, alinha no mesmo pensamento: “Dá-me gosto ver os frutos do trabalho, ver a pessoa a evoluir e a conseguir fazer coisas sozinha”, clarifica.

Para Carla Rodrigues, assistente social, mostrar às pessoas que “embora estejam sem ver, ou a perder a visão, têm direitos na mesma, têm uma vida e têm forma de continuar” é o que a mantém a trabalhar na ACAPO.

A pessoa no seu todo

Maria José Ruivo está à frente da APD-Leiria há mais de 25 anos Foto: Joaquim Dâmaso

No último Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, a 3 de dezembro, a professora Maria José Ruivo aproveitou a data para uma ação de sensibilização junto dos alunos. Começou por relembrar os docentes que têm deficiência, onde se inclui. Dificilmente se esquecerá da reação de “um dos seus reguilas” do 5º ano: “Não, a professora não”.

Palavras que parecem dizer pouco, mas que significaram muito para a presidente da delegação distrital de Leiria da Associação Portuguesa dos Deficientes (APD).

“Ele estava a ver a pessoa no seu todo, não estava a ver as limitações que eu tenho”, explica. Maria José Ruivo tem uma sequela de poliomielite, ou paralisia infantil, que causou limitações motoras nos membros inferiores, obrigando-a a caminhar apoiada numa canadiana.

A presidente da APD-Leiria faz parte da associação há tanto tempo que já nem se lembra da data, mas entrou algures em 1994. Um ano depois assumiu a liderança. Passados mais de 25 anos, confessa que o grau de exigência é grande, até porque tem de conjugar as funções na APD-Leiria com a atividade de professora de matemática, ciências e apoio ao estudo.

No entanto, a possibilidade de “ver o outro lado da realidade das pessoas com deficiência, as suas dificuldades, e poder ajudar com alguns passos que melhorem a sua situação” é o que a tem motivado a continuar com o trabalho na associação.

A equipa de andebol da APD-Leiria destacou-se no desporto com a conquista de cinco dos seis troféus da época Foto: APD-Leiria

E recuando ao momento vivido na escola, ele revela na perfeição parte do trabalho realizado pela associação: “Dá-nos gozo falarmos enquanto pessoas com deficiência, na primeira pessoa, sentimos que a mensagem é recebida de outra forma”, esclarece Maria José Ruivo.

A APD-Leiria luta pela defesa dos direitos humanos das pessoas com deficiência e estima-se que terá sido fundada a 6 de maio de 1989. Tem como área de influência todos os concelhos do distrito de Leiria e, atualmente, presta apoio a 1.158 associados e às suas famílias.

Nos dias úteis, a sede, situada no nº 15 da Travessa Vieira de Leiria, na Marinha Grande, recebe qualquer pessoa, com deficiência ou não, que necessite de pedir informações.

“Em situações mais pontuais, temos uma técnica de serviço social a tempo parcial, que faz atendimento gratuito, e em casos mais específicos, encaminhamos para outras entidades”, acrescenta a responsável. No fundo, a APD-Leiria presta serviço social, ajuda a esclarecer dúvidas sobre os direitos das pessoas com deficiência e seus cuidadores e auxilia na aquisição de prestações e produtos de apoio.

“Dá-nos gozo falarmos enquanto pessoas com deficiência, na primeira pessoa, sentimos que a mensagem é recebida de outra forma”

Maria José Ruivo
presidente da delegação distrital de Leiria da Associação Portuguesa dos Deficientes

No entanto, é a atividade de sensibilização que ocupa o papel principal na associação, nomeadamente em ações realizadas em escolas, junto de alunos e professores.

Papel igualmente relevante tem o desporto da APD. A delegação distrital de Leiria tem duas equipas, basquetebol e andebol, e esta última esteve em destaque nas últimas semanas, após a conquista de vários troféus. É que a equipa conseguiu ganhar cinco dos seis troféus da época, tendo escapado apenas o campeonato nacional ACR6.

Apresentadas as duas associações, é hora de relembrar porque publicamos esta reportagem, dando a conhecer o trabalho realizado nas delegações de Leiria da ACAPO e da APD. Este jornal que segura é solidário e representa mais uma edição da campanha do REGIÃO DE LEIRIA “Fazer o bem olhando a quem”.

Toda a verba angariada com a venda desta edição, em banca, e junto das empresas e instituições da região, que compram exemplares para oferecer a colaboradores e clientes, reverterá a favor destas duas associações.

Se este exemplar já é seu, desafiamos a adquirir para um amigo ou familiar, e comprovar como mesmo em contexto pandémico, há sempre espaço para a solidariedade.

156

A campanha promovida pelo REGIÃO DE LEIRIA, que acontece há mais de duas décadas, já reuniu mais de 156 mil euros que reverteram a favor de instituições do distrito de Leiria e concelho de Ourém, de diversas áreas de apoio social

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