O Movimento Vamos Mudar (VM), que lidera a Câmara das Caldas da Rainha, lamentou hoje que nenhum partido inclua no seu programa eleitoral a construção do novo hospital para o Oeste, onde a pandemia veio aumentar as carências.
Num comunicado emitido esta terça-feira, o movimento independente constata “com tristeza” que a construção de um novo hospital para a região do Oeste “ainda não está na agenda política nacional”, já que nenhuma das forças políticas candidatas às próximas eleições legislativas “se refere a essa medida em concreto nos seus programas eleitorais”.
“É preciso dar força a esta ideia de um novo hospital”, defende o movimento cívico que nas últimas eleições autárquicas ganhou a Câmara das Caldas da Rainha (que era há quase três décadas liderada pelo PSD) no comunicado em que alerta para as “situações alarmantes de falta de resposta” do hospital local, uma das três unidades (a par com Torres Vedras e Peniche) do Centro Hospitalar do Oeste (CHO).
No entender do movimento, “a atual crise sanitária” e o aumento de afluência de doentes ao Hospital das Caldas da Rainha, resultante da pandemia de Covid-19, “vieram por ainda mais a nu as carências há muito existentes” e a “falta de capacidade de resposta do Serviço de Urgência, que se traduzem na existência de ambulâncias com várias horas de espera à porta, com os doentes no seu interior, e ocorrendo, por outro lado, a retenção de um número elevado de macas dos bombeiros, por falta de capacidade de receção dos doentes”.
O “retrato geral” do funcionamento do Serviço de Urgência feito pelo VM dá nota de que permanecem regulamente, em média, “35 a 40 doentes em maca, chegando a haver dias em que se ultrapassa os 50” utentes nestas condições, no espaço que beneficiou de obras de ampliação e que, por razões desconhecidas, “não estão ainda amplamente aproveitadas”.
De acordo com comunicado, a capacidade de internamento do CHO é de 330 camas (das quais 130 no Hospital das Caldas da Rainha), o que representa um rácio de 1,1 camas por 100 mil habitantes, quando a norte o hospital de Leiria têm um rácio de 1,6 e a sul, o de Loures, de 1,5.
Às dificuldades de internamento junta-se “a falta de resposta nos cuidados de saúde primários” com o recente encerramento de algumas extensões de saúde e a falta de médicos noutras, fazendo com que “40% das pessoas” que acorrem às urgências sejam triadas com a cor verde, a menos grave, indiciando que deveriam ser assistidas nos centros de saúde.
“Conhecem-se as dificuldades estruturais e o deficiente modelo organizativo atualmente existente a nível hospitalar no Oeste”, vinca o VM, lembrando que decorrem estudos que equacionam a construção de um novo hospital “como solução a médio/longo prazo”.
Mas, se em visitas locais, quando questionados pela comunicação social, os candidatos de vários partidos “admitem ou defendem a necessidade de um novo hospital”, nos programas eleitorais agora divulgados nenhum faz “qualquer referência ao hospital do Oeste”, critica o VM, defendendo “a rápida programação” de uma unidade hospitalar para a região.
A construção de um novo hospital para o Oeste chegou a estar prevista, durante o Governo de José Sócrates (PS), como uma das contrapartidas pela não construção do novo aeroporto na Ota.
A região do Oeste integra os concelhos de Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos, Peniche, do distrito de Leiria, e de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Lourinhã, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, do distrito de Lisboa.
Destes concelhos apenas o de Alcobaça é servido pelo hospital de Leiria, sendo os restantes servidos pelo CHO, que dá assistência a cerca de 293 mil pessoas.