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Saúde

Nova unidade móvel de mamografia da Liga contra o Cancro inaugurada em Pombal

Luta contra o cancro conta com um reforço na região Centro para a deteção do cancro da mama. A recuperação dos atrasos neste e noutros rastreios oncológicos é uma prioridade

Pedro Pimpão, presidente da Câmara de Pombal, Natália Amaral, do NRC-LPCC, e Rosa Reis, presidente da ARS Centro, inauguraram a mais recente unidade móvel da LPCC

Uma nova unidade móvel de rastreio de cancro da mama foi inaugurada esta sexta-feira em Pombal para reforçar a resposta do programa a cargo da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) na região Centro.

O novo equipamento, passa a integrar a rede já constituída por oito unidades móveis que o Núcleo Regional do Centro (NRC) da LPCC adquiriu entre 2019 e 2020, com vista ao diagnóstico precoce do cancro da mama.

Dotada de equipamentos de tecnologia mamográfica digital direta e preparados para a tomossíntese, a unidade está estacionada há algumas semanas junto ao Centro de Saúde de Pombal, onde se manterá até meados de maio. O programa prevê a realização de exames gratuitos, de dois em dois anos, a mulheres com idades entre os 50 e os 69 anos, residentes no concelho.

170.000

O ano 2020 registou uma quebra abrupta no número de mamografias realizadas pela LPCC nas unidades móveis e fixas, tendo caído cerca de metade face ao ano anterior. Em 2019, a Liga contabilizou 339.164 exames e 170 mil em 2020. Já no ano passado, verificou-se uma “normalização” da situação com um total de 353.062 mulheres rastreadas

Para a aquisição da nova unidade móvel, orçado em 350 mil euros, contribuíram os donativos da comunidade, contributo que Pedro Pimpão, presidente da Câmara de Pombal, salientou esta manhã, durante a sessão inaugural.

“É importante as pessoas perceberem que a moeda que dão nas campanhas contribui para este resultado e para que a luta contra o cancro tenha um impacto muito positivo”, referiu, destacando ainda o empenho, mobilização e espírito de iniciativa dos pombalenses em prol desta causa, e que “não se limitam” a colaborar com as campanhas de angariação de fundos organizadas pela Liga.

Adiantando que Pombal “leva a Saúde muito a peito”, Pedro Pimpão anunciou a assunção, a partir de abril, de novas competências na área da Saúde por parte do município.

A criação do Conselho Municipal de Saúde será a primeira iniciativa a desenvolver, para, “enquanto comunidade, ajudar a definir as melhores estratégias” nesta área, “numa perspetiva de colaboração e integração dos vários serviços”.

211.000

Entre 2018 e 2021, cerca de 211 mil mulheres participaram no programa de rastreio do cancro da mama na região Centro, tendo sido realizadas mais de 320 mil mamografias. Em resultado destes exames, mais de 1.700 mulheres foram encaminhadas para vários hospitais de referência para diagnóstico e tratamento

Identificado como o mais frequente em todo o mundo, estima-se em mais de sete mil o número de novos casos de cancro da mama diagnosticados em 2020 em Portugal. As mais recentes estatísticas indicam ainda que 1.800 mulheres tenham morrido com esta doença, referiu, em Pombal, Natália Amaral, secretária-geral do NRCC-LPCC, sublinhando a importância da deteção de “tumores muito pequenos, muitas vezes não palpáveis e só vistos em mamografia ou ecografia ou em fase evolutiva não invasiva”.

A deteção precoce permite “tratamentos menos mutilantes e menos traumatizantes” e “uma sobrevida livre de doença e global mais longa”, lembrou.

60.467

Dados do Globocan, o cancro é a segunda causa de morte mais frequente em Portugal, tendo sido registados 60.467 novos casos em 2020. O cancro colorretal é o mais frequente, com 10.501 novos casos, seguindo-se os cancros da mama (7.041), da próstata (6.759) e do pulmão (5.415).

A recuperação dos atrasos registados no rastreio das doenças oncológicas devido à pandemia é assumida como uma prioridade pela LPCC que traça um “retrato preocupante” da situação em Portugal.

Segundo dados divulgados esta sexta-feira, estima-se que tenham morrido 30.168 pessoas com cancro em Portugal em 2020.  Número que a LPCC admite “crescer nos próximos anos face aos atrasos do diagnóstico e tratamento” que se avolumaram desde o início da pandemia, aquando da suspensão do programa do rastreio do cancro da mama em 2020 e por força do cumprimento das regras de higienização dos equipamentos que condiciona o número de atendimentos.

A LPCC aponta ainda para uma redução considerável dos utentes rastreados em 2020 no âmbito dos programas de rastreios oncológicos nos cuidados de saúde primários (CSP). Reportando-se ao estudo do Movimento Saúde em Dia, indica que “houve menos 18% de mulheres com mamografia realizada, menos 13% de mulheres sem registo de colpocitologia atualizada e menos 5% de utentes com rastreio do cancro do colon e reto efetuado”.

“Os dados sugerem que muitos casos de novos cancros ficaram por identificar durante os anos de pandemia”, conclui a LPCC, ao mesmo tempo que alerta para “a diminuição da capacidade assistencial dos CSP face à necessidade de dar resposta à pandemia” como um dos fatores que contribuíram para a redução de diagnósticos.

Portugal precisa fazer mais 1,2 milhões de rastreios oncológicos por ano

O diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas estimou também hoje ser necessário realizar anualmente mais 1,2 milhões de rastreios ao cancro da mama, colo do útero e colorretal para abranger mais de 90% da população elegível até 2025.

Este é um objetivo proposto no Programa Europeu de Luta Contra o Cancro que José Dinis considera poder ser conseguido antes de 2025 “tomando como referência os resultados obtidos em 2019, bem como o alargamento do rastreio a toda a região de Lisboa e Vale do Tejo em 2022”.

“No rastreio do cancro do colo do útero, estima-se um défice de cerca de 200 mil convites [para rastreio] por ano. Considerando que se trata de um rastreio centrado exclusivamente na atividade do médico de família e a estabilidade do défice entre 2016 e 2019, será necessário explorar mecanismos adicionais para garantir o sucesso em 2025”, disse o responsável numa sessão online de apresentação dos Resultados dos Rastreios Oncológicos de Base Populacional 2019 e 2020, no âmbito do Dia Mundial contra o Cancro.

No rastreio do cancro do cólon e reto, é estimado um défice de cerca de 900 mil convites por ano. “É o único rastreio cuja população elegível inclui homens e mulheres pelo que é o programa com maior população a rastrear por ano”, referiu José Dinis citado pela agência Lusa, apontando para o cancro da mama a necessidade de cerca de 120 mil convocações por ano.

Na apresentação dos Resultados dos Rastreios Oncológicos, José Dinis salientou “a recuperação acentuada em 2021” da atividade de rastreio do cancro da mama, comprovada pelo aumento do número de convites e do número das mulheres rastreadas, recuperando o padrão de subida que se vinha notando desde 2016.

Presente na iniciativa, a diretora-geral da Saúde defendeu que os rastreios oncológicos de base populacional “terão de ser melhorados, reforçados e acessíveis a toda a população” para cumprir o plano europeu.

“Temos um grande desafio pela frente pelo que é importante a colaboração de todos para que Portugal no final de 2025 seja mais uma vez um exemplo para a Europa como já o é nas coberturas vacinais contra o HPV, contra a hepatite B e contra a Covid-19”, salientou Graça Freitas.

Com Lusa

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