A Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) tem em curso a elaboração da Estratégia Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas para “mitigar os efeitos nocivos” deste problema, disse hoje à agência Lusa o presidente daquela organização.
“Tem como objetivo principal apostar numa estratégia em que se altera e tenta mitigar aquilo que são os efeitos nocivos das alterações climáticas no contexto atual da nossa região”, afirmou Gonçalo Lopes, a propósito da sessão de apresentação da estratégia, na sexta-feira, em Leiria.
Segundo Gonçalo Lopes, esta sessão “será uma rampa de lançamento” para a definição do plano intermunicipal que “tem como objetivo a análise e intervenção e a mitigação daquilo que são as consequências das alterações climáticas” neste território.
O documento vai contemplar um plano de ação, metas e investimentos concretos, numa lógica de participação pública com envolvimento, além dos municípios, de associações ambientalistas, empresas e outras entidades, de acordo com a CIMRL.
“Cada município já tem as suas estratégias, tem as suas ações, uns com mais experiência do que outros. Agora, estamos num patamar de organização de nível superior e depois havemos de chegar, naturalmente, a conclusões muito concretas de ações comuns a implementar no território”, adiantou.
Integram a CIMRL os municípios Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.
O também presidente da Câmara de Leiria destacou que esta região tem, “no contexto nacional, várias consequências das alterações climáticas”, lembrando os incêndios de 2017, em Pedrógão Grande e no Pinhal de Leiria, “com fenómenos climatéricos totalmente anormais”.
O autarca recordou ainda “os fenómenos de ventos fortes” registados aquando da tempestade Leslie e, mais recentemente, a seca, que “está a prejudicar bastante” o dia-a-dia na região.
Gonçalo Lopes apontou também os “fenómenos de avanço do mar” na costa, com prejuízo, nomeadamente, para as praias de Pedrógão, em Leiria, e da Vieira, na Marinha Grande.
“Estes são alguns exemplos, no caso particular da nossa região, uma região pequena, de como as alterações climáticas têm efeitos muito, muito marcantes na nossa vida, no território e nas pessoas”, declarou.
O presidente da CIMRL sustentou que, “no fundo, se existe uma região do país onde os fenómenos de alteração climática são bem visíveis e bem sentidos na última década” é a Região de Leiria, frisando que “pensar uma estratégia comum para lidar com as alterações climáticas é muito importante”.
O incêndio que deflagrou em 17 de junho de 2017 em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e que alastrou a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e mais de 250 feridos, sete dos quais graves, e destruiu meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.
Em outubro do mesmo ano, 49 pessoas morreram e cerca de 70 ficaram feridas na sequência dos incêndios na região Centro, que também destruíram total ou parcialmente cerca de 1.500 casas e mais de 500 empresas.
A Mata Nacional de Leiria ou Pinhal de Leiria, que ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande, tem 11.021 hectares e nesses incêndios, 86% da sua área ardeu, de acordo com o ‘site’ https://mnleiria.icnf.pt/.
Já a tempestade Leslie atingiu 24 concelhos da região Centro na noite de 13 para 14 de outubro de 2018, incluindo a Marinha Grande, tendo afetado, igualmente, o Pinhal de Leiria.
Informação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera de segunda-feira indica que em 15 de fevereiro 91% do território estava nas classes de seca severa e extrema.