Chumbado por duas vezes e dado como perdido, o processo de classificação do Arco da Memória do Arrimal, afinal ainda pode ter pernas para andar. À terceira será de vez?
Em novembro de 2018, em Diário da República, foi colocado um ponto final na pretensão local de obter a classificação do monumento, com a publicação do anúncio da Diretora-Geral do Património Cultural, Paula Araújo da Silva, que determinava o “arquivamento do procedimento de classificação”.
Dois meses antes, já o Conselho Nacional de Cultura tinha proposto “o arquivamento do procedimento de classificação”, atendendo “à intervenção ocorrida, que descaracterizou o monumento e a sua envolvente”.
Em suma, uma intervenção na zona do Arco da Memória acabou por inviabilizar a classificação. Por deixar de estar em vias de classificação, desapareceu a zona de proteção de 50 metros a contar dos limites externos do monumento.
Esta foi a segunda vez que o processo foi chumbado, depois de, em 2013, iniciativa similar ter sido encerrada por erros no processo. A ambição de classificação, que tem cerca de três décadas, parecia enterrada. Mas vai regressar.
Jorge Vala, presidente da Câmara de Porto de Mós, revelou que a autarquia pretende “fazer uma intervenção no Arco da Memória”. “Temos a ambição de o colocar de novo em condições de poder ser classificado”, revelou o presidente, dia 23, durante uma visita às obras de recuperação da Estrada Romana de Alqueidão da Serra.
Para além do valor patrimonial, a autarquia pretende que o monumento possa ser um tampão à pressão da atividade extrativa na zona. “A pressão das pedreiras e tudo mais, vai exigir intervenção da nossa parte diferente, e um olhar por parte da Direção Regional da Cultura, também diferente”.
Presente na visita, Suzana Meneses, diretora regional de Cultura do Centro, admitiu a possibilidade de resgatar o processo da gaveta: “o município está empenhado, como nós estamos, em encontrar forma de reverter o que eventualmente neste momento não nos permite dar esse passo com maior ambição”.
Até porque, explicou a diretora, “temos a noção da clara da importância, neste caso concreto, de encontrarmos forma de proteção inequívoca por força de uma pressão económica, que não vou colocar em causa, mas que existe e poderá ter consequências”.