Os suinicultores reiteraram esta quarta-feira, dia 2, ao Governo o pedido de uma “resposta urgente” para o setor, para “impedir a falência de muitas pequenas empresas”, disse à Lusa o presidente da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS).
“Tem de haver uma resposta urgente para impedirmos a falência de muitas pequenas empresas em Portugal. A não serem tomadas medidas urgentemente, Portugal corre o sério risco de deixar de ter a carne de porco na sua soberania alimentar. Se já estávamos com níveis de autossuficiência na ordem dos 70%, acreditamos que nos próximos dias muitas são as empresas que irão entrar em colapso, a não haver uma tomada de medidas urgente”, disse o presidente da FPAS, David Neves.
Os suinicultores estiveram ontem reunidos numa sessão plenária para abordar a reunião com o Ministério da Agricultura sobre o pacote de medidas proposto pela FPAS para mitigar os efeitos da crise que vive atualmente o setor da suinicultura nacional.
David Neves explicou que reuniu com a ministra da Agricultura na sexta-feira passada, mas as medidas apresentadas pela FPAS “não são de entrada imediata, porque estão quase todas elas condicionadas pela existência de um Orçamento do Estado”.
No entanto, alertou o empresário, “o setor tem alguma dificuldade em aguentar tanto tempo”.
Por isso, defendeu que “há medidas que têm de ser tomadas”. “Esperamos que no decurso desta semana possa haver um sinal positivo para algumas das medidas que propusemos para o setor”, avançou.
“Vamos voltar a falar com a senhora ministra da Agricultura. Hoje havia uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros da Europa, onde algumas questões foram discutidas. Aquela que hoje mais nos preocupa é a escassez de cereais para os alimentos dos animais. Com esta situação [guerra] corremos o risco de num curto espaço de tempo ficarmos sem alimentos”, avisou David Neves.
O presidente da FPAS acrescentou que já há “fornecedores que estão a fazer rateio da quantidade de cereais que cada fábrica de rações pode levantar”.
Segundo o empresário, foi pedido à tutela que “no seio do Conselho de Ministros da Europa alertasse os decisores políticos da União Europeia para a possibilidade” de se abrirem outros mercados.
A FPAS voltou a pedir ao Governo a criação de “uma linha de apoio à tesouraria, que se consubstancie numa linha de crédito para o setor poder contratualizar na banca em condições que sejam sustentáveis para o setor, uma “redução ou suspensão” da Taxa Social Única “durante um determinado período” e os apoios aos custos energéticos.
“Um dos grandes motivadores desta situação foi o brutal aumento dos combustíveis e dos custos da energia elétrica, conjugado com a situação da seca que em algumas zonas também tem um efeito bastante nefasto, essencialmente para a produção extensiva”, sublinhou.
Para David Neves, “tudo isto está a levar a que este setor venha a engrossar as fileiras de desempregados e falências do nosso país no curto espaço de tempo”.