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SOS Ucrânia

Casal leiriense chegou ontem a Leiria com 11 refugiados

Ana Ferreira e Pedro Almeida regressaram a Leiria na madrugada desta terça-feira, exaustos da viagem e com sentido de “missão cumprida e bem feita”.

Ana Ferreira e Pedro Almeida (em cima à esquerda) recolheram dezenas de refugiados ucranianos em Varsóvia

A experiência que Ana Ferreira e Pedro Almeida viveram, nos últimos dias, é difícil de descrever e fica certamente gravada na memória do casal.

Foram mais de 40 horas de viagem, com alguns imprevistos, munidas de espírito de solidariedade e motivadas pelo objetivo de resgatar refugiados ucranianos na Polónia.

O regresso a Leiria, ocorreu no dia de ontem, terça-feira, já de madrugada, e ficou marcado por muitas lágrimas de felicidade, da parte de quem conseguiu fugir da guerra e de quem pôde ajudar. “As lágrimas que todos nós deitámos às duas da manhã [de dia 8] foram de felicidade, missão cumprida a 100% e bem feita”, conta Ana, frisando que o mais importante era deixar todas as pessoas numa “casa segura” e, de preferência, com “pessoas que conheçam”.

E assim foi, todos os 21 refugiados que chegaram nesta caravana humanitária foram recebidos e acolhidos em casa de familiares, oito deles em Leiria.

Recorde-se que um autocarro que tinha seguido nesta caravana já tinha chegado a Lisboa com 45 cidadãos ucranianos, onde se incluia uma família de três pessoas que tinha a cidade do Lis como destino. No total, chegaram a Leiria, a partir desta comitiva, 11 refugiados.

Todo o processo terminou de forma positiva, realça a empresária, falando também das relações criadas entre os próprios voluntários que não se conheciam.

Mas a leiriense não esquece o cenário que encontrou em Varsóvia. Apesar de ali não existir guerra, “quando se entra nas estações de caminhos de ferro, nos metros, onde está um frio que não se aguenta, estão crianças por todo o lado, vêem-se mães sozinhas com uma malinha de rodas ao lado, com dois e três filhos”, explica.

O que custou mais, conta, foi ver o “olhar perdido” daquelas progenitoras: “Eu também sou mãe e penso ‘elas não sabem se vão dormir aqui, para onde é que vão amanhã, se têm alguma coisa para comer aqui.’ É um desespero para quem está ali, quer ajudar, e nós não tínhamos mais espaço [para trazer mais pessoas]”.

O próprio contacto com os ucranianos foi difícil, num primeiro momento, porque nenhum dos voluntários falava a língua e “90% dos refugiados” não sabia falar outro idioma.

“A nossa sorte foi que numa das procuras exaustivas pela ‘minha família’ cruzei-me com uma menina que me identificou, por me ter ouvido falar português. Veio ter comigo e disse-me que estava à espera de uma caravana de Portugal e que também vinha para Leiria”, conta.

O acaso permitiu ao grupo ganhar uma “tradutora” para ajudar na viagem de regresso. Foi a jovem ucraniana, Valentina, que conseguiu agilizar a comunicação entre ambas as partes, tornando o ambiente mais descontraído, porque a maioria da viagem, recorda, foi feita em “pleno silêncio”.

“Eles estavam completamente em estado de alerta, confiança em nós quanto baste, porque tínhamos os contactos e os nomes deles”, explica, frisando que os refugiados encontravam-se “muito apreensivos” e a comunicação era um grande entrave, assim como o escasso conforto junto de desconhecidos.

Mas as coisas melhoraram na reta final, em que “já parecia uma família, toda a gente comunicava”. “Pusemos a Valentina a fazer traduções no whatsapp” para todos entenderem quando chegava o momento das paragens.

A partir daí, “os rostos mudaram drasticamente”. Ana tem até fotografias dos meninos nos ombros dos condutores.

Já em casa, contam ao REGIÃO DE LEIRIA, Ana e Pedro estão a aproveitar para descansar, porque a viagem foi bastante exaustiva. Só Pedro assumiu o volante no trajeto entre Paris e Lisboa, porque Ana “não conseguia largar o telemóvel”, devido a toda a logística que precisava de tratar.

E esta história não termina aqui. A compaixão e a enorme vontade de ajudar o povo ucraniano, vão levar Pedro e Ana a embarcar numa nova viagem rumo a Varsóvia, na Polónia, na próxima segunda-feira.

Os leirienses voltam a integrar uma caravana humanitária, constituída desta vez por um autocarro e várias carrinhas de 9 lugares, na companhia de outros voluntários.

Pedro Almeida deixou o apelo, numa publicação na página de Facebook pessoal, para quem se quiser juntar à missão, apoiar financeiramente ou disponibilizar transporte.

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