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Cáries na terceira idade: Higiene oral é fundamental para manter dentição natural

“Não há saúde oral sem higiene oral”, sendo a prevenção ao longo da vida “o melhor tratamento”, defendem os especialistas Cesaltino Remédios e Rita Sousa, no Dia Mundial da Saúde Oral


Rita Cruz de Sousa
Higienista oral
Leiria

Cesaltino Remédios
Médico dentista
especialista em cirurgia oral
Leiria

O risco de cárie aumenta com o envelhecimento?

Só existe lesão por cárie havendo placa bacteriana – que podemos identificar como uma massa amorfa esbranquiçada que se forma continuamente em boca -, mas há fatores associados ao envelhecimento que influenciam o aumento do risco à cárie tais como doenças cardiovasculares, endocardite bacteriana, AVC, distúrbios gastrointestinais, infeções pulmonares, diabetes e até mesmo o cancro oral. Com o avançar da idade os tecidos periodontais (ou de suporte do dente) tornam-se mais frágeis, por isso na população idosa a maioria das lesões por cárie desenvolve-se na raiz dos dentes – também conhecidas como cáries radiculares.

Qual o peso da higiene oral no aparecimento de cáries?

A remoção mecânica da placa bacteriana poderá ser deficiente nos idosos devido à sua reduzida destreza manual. Por outro lado, as dificuldades mastigatórias e de deglutição levam a que haja uma predileção do idoso por alimentos fáceis de mastigar e de baixo valor nutricional (sobretudo carboidratos/dieta predominantemente cariogénica) que são responsáveis pelo desenvolvimento de lesões por cárie. É de referir ainda que, não raras vezes e devido à comum falta de dentes no idoso, são confecionadas próteses parciais removíveis mal adaptadas ou que se vão desadaptando. Estando essas próteses desadaptadas, para além de estomatites protéticas, podem também ocorrer lesões por cárie em dentes adjacentes sobretudo nas zonas da raiz.

É perfeitamente possível passar a vida inteira com os dentes naturais, apenas com cuidados básicos de higiene oral. Cabe a cada um de nós combater esse estigma de que idade avançada é sinónimo de perda de dentes

Como prevenir?

Não há saúde oral sem higiene oral. Tem de haver desorganização da placa bacteriana de forma eficiente, atraumática e de fácil aceitação (ou do próprio idoso ou do cuidador). Deverá sempre haver um aconselhamento profissional sobre os meios ideais a cada contexto oral mas podem incluir escova de dentes suave, escovilhões, máquina de jacto ou raspador lingual para controlo da halitose. O controlo químico da placa bacteriana através de elixires só deve ser usado em casos específicos e sempre com orientação do clínico. O tratamento preventivo através de ensinamentos aos cuidadores ou aos familiares ou/e ao idoso independente, numa visão interdisciplinar é o meio mais adequado de terapêutica.

Manter uma boa saúde oral na terceira idade exige cuidados especiais?

Sim, indubitavelmente. Não só pelas questões acima referidas, como pela conhecida xerostomia (boca seca) e a diminuição do fluxo salivar (hipossalivação). Esta condição ocorre não só fisiologicamente devido à idade como poderá ser provocada por certas doenças crónicas como diabetes, estar relacionada com tratamentos de radioterapia da cabeça e pescoço ou ainda com a toma de medicamentos para controlo das patologias inerentes ao idoso. A saliva tem funções lubrificantes, digestivas e protetoras pelo que é primordial para a manutenção da saúde oral.

Qual é o tratamento mais comum?

No caso das cáries radiculares, o melhor tratamento é sempre a prevenção. Em lesões incipientes, poderão ser tratadas com polimento e aplicação de um verniz de flúor. Quando a lesão é mais extensa e profunda é inevitável recorrer a um tratamento curativo que passa pela área da dentisteria, com recurso a compósito, regra geral e dependente do caso. Para contrariar o trauma oclusal, que pode dar origem a lesões no colo/na raiz do dente, pode ser prescrito pelo médico dentista o uso de uma goteira de relaxamento de uso noturno, ajuste oclusal, desgastes ou tratamento periodontal.

15

De acordo com o mais recente Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais disponibilizado pela Direção-Geral de Saúde, os idosos (entre 65 e 74 anos) possuem em média 15 dentes sendo que mais de 11 estão totalmente perdidos e a única alternativa é a reabilitação

Quando o dente fica comprometido, quais as alternativas?

Quando o dente fica comprometido e se torna inviável em boca, é feita a sua extração. Posteriormente à avaliação do contexto, grau de independência do idoso, nível de higiene oral e capacidades financeiras, temos de ponderar o acrescento do dente na prótese ou a colocação de um implante dentário.

Artigo publicado originalmente no Diretório de Saúde 2019 do RL, onde pode encontrar esclarecimentos de especialistas sobre outros temas

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