Sete ex-arrumadores começam na terça-feira a trabalhar como jardineiros da Câmara de Leiria, no âmbito de um protocolo firmado hoje entre várias instituições.
Na cerimónia de assinatura do protocolo – entre a autarquia, a PSP, a Segurança Social e a Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência – e dos contratos com os ex-arrumadores, o presidente da Câmara Municipal de Leiria, Raul Castro, disse que a iniciativa é um “passo importante na resolução de um problema social existente na cidade”.
Raul Castro pediu ainda “total empenho e responsabilidade” nas novas funções aos futuros trabalhadores da autarquia, considerando que passam a adquirir uma “nova dignidade, através da sua inserção sócio-profissional”.
Aos jornalistas, o autarca admitiu a possibilidade de “replicar este tipo de projectos”, mas salientou que o sucesso destas acções depende de uma mudança da “consciência colectiva”, que passa por não entregar moedas cujo destino, em muitos casos, “está a alimentar” outros vícios.
O director distrital da Segurança Social, Fernando Gonçalves, realçou a “oportunidade” que se está a dar aos arrumadores, defendendo que “as instituições não podem ficar indiferentes” à exclusão ou à pobreza.
O comandante distrital da PSP, Rui Conde, prometeu “fazer todos os esforços necessários para evitar que os espaços agora deixados livres por estas pessoas na actividade ilegal de arrumadores não venham a ser ocupados ou pelos mesmos ou por outros”.
Rui Conde lembrou que, “neste momento, as entidades que assinaram o protocolo estão a ‘dar’ a moeda pela pessoa que estaciona”, apelando aos cidadãos para que não o façam.
Os sete arrumadores são beneficiários do Rendimento Social de Inserção e iniciam hoje uma formação de dois dias, passando na próxima semana a integrar as equipas do município que tratam dos espaços verdes.
O contrato de trabalho é de um ano, recebendo cada pessoa 429 euros, podendo, após seis meses, ter a oportunidade de uma “integração definitiva” no mercado de trabalho.
Manuel António, de 54 anos, do Barreiro, um dos arrumadores que hoje deixa os parques de estacionamento da cidade, disse à agência Lusa ter aceitado esta “oportunidade” por ser “muito difícil, com esta idade, arranjar trabalho”.
Esperançado que o novo trabalho interrompa os dez anos como arrumador na cidade de Leiria, Manuel António destacou a experiência que tem na área da jardinagem, que vai retomar na próxima semana em substituição dos parques onde amealhava, diariamente, “15 euros, das 9 às 17 horas”.
Já Anabela Monteiro, de 29 anos, de Leiria, a única mulher que integra este projeto, justificou a opção: “Queria arranjar trabalho para ver os meus filhos”.
Fotografia: Câmara Municipal de Leiria