O ministro da Educação disse esta quarta-feira, dia 6, em Leiria, que foram divulgados às escolas “novos guiões de trabalho” para a integração das crianças refugiadas, entre as quais 2.115 já em estabelecimentos de ensino portugueses.
“Hoje mesmo publicámos e divulgámos às escolas novos guiões de trabalho para a integração das crianças refugiadas que estão a chegar, quer na educação pré-escolar quer a partir do 1.º ciclo, com sugestões práticas de como fazer. Orientações que são sempre indicativas e não normativas”, afirmou o ministro João Costa, no Agrupamento de Escolas de Marrazes, em Leiria.
Segundo explicou, algumas das indicações presentes nos documentos “passam por utilizar os alunos ucranianos que já estão nas escolas a servir de mediadores e de mentores dos alunos que chegam”, assim como o uso de “materiais didáticos que o próprio Governo ucraniano tem vindo a disponibilizar para serem utilizados nas salas de aulas”.
“Passa por tornar os alunos portugueses conscientes de como é que se pronunciam as palavras [como os nomes dos ucranianos], fazer pequenos jogos de sensibilização e de consciência da língua”, com a preocupação de dar “uma grande atenção ao bem-estar psicológico”.
João Costa salientou que “estas crianças fogem de uma guerra, estão num contexto de trauma, são bombardeadas todos os dias com imagens do seu país a ser destruído, veem o seu bairro a ser atacado e deixaram os seus pais, os seus avós para trás”, pelo que a “escola tem de ser um espaço de felicidade para elas, em que a educação acontece”.
“Temos 2.115 crianças já integradas, um número que tem vindo a crescer. Aqui no concelho de Leiria são 96 crianças. Fizemos questão que a nossa primeira saída fosse numa escola TEIP [Territórios Educativos de Intervenção Prioritária], que tem mais de 30 nacionalidades. Alargámos o programa TEIP recentemente para as escolas que têm uma percentagem elevada de alunos migrantes, exatamente para que estas escolas tenham recursos adicionais para gerir o multilinguismo e o ensino de português língua não materna”, acrescentou.
O ministro socialista participou numa reunião com os diretores das escolas do concelho de Leiria, para “colher as práticas que já estão a ser implementadas” e que serão “divulgadas a todas as escolas”.
“A diretora de uma escola referia como usam as ferramentas muito fáceis de tradução automática, de um aluno que fala ucraniano e tem a tradução automática para português e vice-versa, o que também permite que não haja os ucranianos de um lado e os portugueses do outro, mas esta integração progressiva”, reforçou.
João Costa considerou ainda que “os alunos têm tido um papel fundamental enquanto mentores ou padrinhos para estes alunos que chegam e são assim acompanhados desde a primeira hora por alunos portugueses, que são uma espécie de responsáveis por eles neste trabalho de integração”.
Afirmando que os “ecos são muito positivos”, o ministro prometeu “acompanhar diariamente” a integração para garantir também “uma muito saudável convivência entre alunos russos e ucranianos”.
“Os alunos russos não são responsáveis pelo que o presidente da Rússia faz. Sinalizaram-nos que poderia haver um ou outro caso de ‘bullying’ sobre alunos russos, o que já não está a acontecer. Isso é muito bom. O que queremos é que as escolas sejam lugares onde o conflito não existe”, rematou.
Nuno Fernandes disse:
A grande maioria refugiados ucranianos irá regressar à Ucrânia no final do conflito, podendo a sua estadia em Portugal durar alguns meses ou alguns anos.
A maneira mais simples de bem acolher as crianças e adolescentes e o modo mais natural de o fazer é possibilitar-lhes uma educação escolar na sua língua materna – ucraniano.
Entre os refugiados que chegam a Portugal, existem professores capazes de continuar a leccionar, tão bem ou melhor do que já faziam na Ucrânia, então é simples – Professores ucranianos ensinam crianças ucranianas.
Podemos proporcionar-lhes condições para isso, cedendo-lhes um espaço e o material necessário para o fazer.
Nuno Fernandes