Pouco claro, complexo, insuficientemente explicado e subdesenvolvido. Foi assim que o júri da pré-seleção julgou, grosso modo, o dossiê de candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura (CEC) em Portugal em 2027, preterida a favor de Aveiro, Braga, Évora e Ponta Delgada. O painel de 12 especialistas internacionais apontou a Leiria várias falhas. Entre outras: na estratégia para mudar as políticas da cidade a partir da cultura a longo prazo; no desenvolvimento do programa cultural e artístico; na dimensão europeia do projeto (“muito local”); ou na escassez de explicações sobre o alcance do projeto.
A juntar à desilusão sobre a decisão, Leiria lamenta aspetos da avaliação. A vereadora da Cultura, Anabela Graça, considera que o júri não entendeu “a proposta ousada e inovadora” apresentada, que antecipa o que devem “ser as futuras capitais europeias da cultura”. “Urge mudar a prática atual, como de resto já aconteceu há mais de uma década na história deste evento. Leiria deu um forte contributo com o nosso bid [proposta], mas o júri entendeu que ainda não é tempo de dar esse passo. Lamentamos, mas aceitamos democraticamente a avaliação”, respondeu a vereadora ao REGIÃO DE LEIRIA.
Para o coordenador da candidatura, Paulo Lameiro, “importa ler e saber interpretar” o relatório nas “análises que faz de cada uma das avaliações das 12 cidades candidatas”. “É fácil perceber que a nossa candidatura ficou muito próximo de estar entre o lote das finalistas”, mas surpreende-o a decisão de apenas quatro cidades terem sido escolhidas, “pertencendo cada uma delas a uma CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] distinta”, subentendendo um não anunciado critério de dispersão territorial.
Capital Europeia da Cultura: Leiria digere afastamento amargo com aposta em Rede para o futuro
O júri internacional que rejeitou a candidatura de Leiria até elogia as conquistas feitas no percurso. Mas não perdoou a falta de clareza e outros lapsos da proposta “Curar o comum”. A aposta dos 26 municípios e restantes parceiros é, agora, continuar a tecer uma identidade comum, renovando a Rede Cultura.