A brigada de vigilância móvel da Marinha Grande, destinada à prevenção de incêndios, vai estar este ano pela primeira vez em funcionamento seis meses, disse hoje à agência Lusa o coordenador municipal da Proteção Civil.
“Por via da alteração legislativa, o período crítico dos incêndios deixou de estar consagrado e entendemos criar um período maior, desde uma fase inicial, antes do verão, para sensibilizarmos o máximo de pessoas, para quando chegarmos ao verão estarmos um pouco mais tranquilos e preparados com as condições climatéricas que possam surgir”, afirmou Pedro Borges.
A brigada, que entrou em funcionamento na segunda-feira e termina em 31 de outubro, tem como principais funções a vigilância, deteção e alerta de focos de incêndio, a sensibilização para comportamentos de risco, a realização de ações de vigilância pós-incêndios, para minimizar reacendimentos, e a sensibilização e fiscalização de proprietários de terrenos junto de habitações para fazerem a gestão de combustível florestal.
Pedro Borges explicou que esta brigada móvel começou em 1996, inicialmente com patrulhamento motorizado, com duas motorizadas munidas de extintor, pá e outras ferramentas.
“Esta equipa motorizada passou em 2007 para viatura”, referiu, precisando que o veículo tem um ‘kit’ de capacidade de extinção de incêndios e um tanque para 600 litros de água, mas “a equipa de dois elementos não apaga incêndios”.
Contudo, se a equipa constatar “um incêndio pequeno, faz essa extinção”, esclareceu, realçando o trabalho de sensibilização, de primeira intervenção caso constate alguma coisa a arder, dissuasão de comportamentos de risco e alerta às autoridades.
Em 2021, em três meses (julho a setembro), a brigada fez 4.867 quilómetros e efetuou 121 ações de sensibilização, 87 ações que visaram a identificação de proprietários que tinham terrenos por limpar e três de apoio à vigilância pós-incêndios, adiantou Pedro Borges.
O coordenador municipal de Proteção Civil esclareceu que “a preocupação é constante”.
“Apesar de ter havido um grande incêndio que dizimou grande parte da Mata Nacional [de Leiria], mantêm-se os riscos diariamente”, avisou.
Segundo Pedro Borges, “a preocupação é com algumas das povoações que estão naturalmente isoladas”, continuando o Serviço Municipal de Proteção Civil a trabalhar na “criação de faixas de gestão de combustível que façam proteção aos aglomerados populacionais”, o que requer “muito trabalho de monitorização, vigilância e sensibilização”.
Nas tarefas da Proteção Civil estão, igualmente, as obrigações do município na limpeza das faixas de gestão de combustível da rede viária, tendo este serviço prestadores para desenvolverem ações de limpeza coerciva de terrenos cujos proprietários estão em incumprimento.
Segundo a Câmara, a brigada de vigilância móvel representa um investimento de 14 mil euros acrescidos de IVA.
Em outubro, passam cinco anos dos incêndios na região Centro que provocaram 49 mortos e cerca de 70 feridos, registando-se ainda a destruição, total ou parcial, de cerca de 1.500 casas e mais de 500 empresas.
Mais de 80% da Mata Nacional de Leiria, que tem 11.062 hectares e ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande, ardeu nestes fogos.