A Câmara de Alcobaça decidiu criar um espaço de memória, alusivo à Quinta da Serra, na futura Zona Empresarial Responsável da Benedita.
Esta foi a alternativa encontrada para salvaguardar a história do local e permite manter a obra de construção da área empresarial.
A decisão foi anunciada pela vice-presidente da Câmara, na última sessão da Assembleia Municipal, dias depois de a edificação que restava da Quinta da Serra ter sido demolida no terreno.
“As peças estão a ser retiradas e guardadas no estaleiro da Junta da Benedita com o devido acompanhamento arqueológico da obra”, garantiu Inês Silva, em resposta ao deputado António Raposo (CDU).
Está ainda por definir o espaço para colocação da obra, sendo que “será aberto um concurso público, ganhando a proposta que cumprir melhor o fundamento de guardar a memória da Quinta da Serra”, acrescentou a vereadora.
No espaço reservado à intervenção do público, vários membros da Terra Mágica das Lendas, que tem defendido a preservação da Quinta da Serra, insurgiram-se contra a demolição. “Não se destrói algo para se fazer o velório a seguir”, criticou Joaquim Ferreira. “Censura em democracia também existe. Não vamos desistir“, acrescentou Lúcia Serralheiro. “A solução era parar esta obra, perder os fundos, fazer outro projeto, ter novos pareceres e concorrer a outros fundos. Demoraria mais 10 ou 15 anos“, justificou Inês Silva.
O espaço foi uma recomendação da Direção-Geral do Património Cultural feita à Câmara, no âmbito de uma resposta dada à Terra Mágica das Lendas.
A entidade considerou “não existir justificação patrimonial/cultural para a abertura do procedimento de classificação de âmbito nacional”, justificando que a “memória que está subjacente relaciona-se com a história de exploração agrária centrada na olivicultura e respetivas culturas de consociação (propriedade rústica/quinta), de âmbito local, e não como “antigo convento beneditino”.