São vistos como membros da família e como um pedaço da Ucrânia que, em terras lusas, permanece junto de quem tem saudades de casa. Desde o início da guerra, pelo menos duas dezenas de animais chegaram à região de Leiria com refugiados ucranianos e acompanham os tutores no recomeço da vida.
Prova disso é a foto que assinala a visita do bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, na passada segunda-feira, ao Centro de Acolhimento Temporário do Estádio Municipal de Leiria. Ao lado do bispo, entre membros do executivo leiriense e cidadãos ucranianos, veem-se três cães. Os patudos fazem parte do grupo de nove cães e um gato que agora moram em Leiria e estão a cumprir o Programa de Acolhimento Ucrânia com as suas famílias.
Já o Município de Porto de Mós contabilizou a chegada de três cães ao concelho, aos quais se juntam dois cães e dois hamsters que se tornaram residentes da Marinha Grande. Também na Nazaré moram agora três cães “refugiados”. No centro de acolhimento da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré esteve até um rato que acabou por morrer, algumas semanas após a sua chegada, adiantou o presidente da Mesa Administrativa, Nuno Batalha.
O REGIÃO DE LEIRIA contactou ainda o Município da Batalha, que não tem conhecimento da chegada ao concelho de animais nestas condições.
Apesar destes dados, o número de patudos que chegaram à região com famílias ucranianas deverá superar as duas dezenas. Há ainda muitas famílias que receberam o apoio de familiares e outras entidades e, por isso, não constam dos dados dos municípios.
Ansiedade
Entre os animais que foram observados pelas equipas médico-veterinárias municipais, nenhum apresentava sintomas de doença, além de patologias já conhecidas e previamente diagnosticadas como, no caso de Leiria, epilepsia ou doença oncológica.
No entanto, entre os cães e gatos recém-chegados a Leiria, foram detetados sinais de ansiedade: “Os animais apresentam alguma ansiedade no início, devido à alteração do seu lar e alterações nas suas antigas rotinas”, explica a vereadora da Proteção e Saúde Animal, Ana Valentim. Com o passar do tempo, a situação foi ultrapassada com mimos redobrados dos tutores.
A autarca recorda que “a ansiedade de separação é comum em muitos destes animais”, principalmente quando há membros da família que permanecem na Ucrânia.
Ainda em março, Portugal passou a “aceitar todos os animais [de famílias ucranianas], independentemente da situação sanitária e respetiva documentação que apresentam”, disse ao nosso jornal, na ocasião, a diretora-geral da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), Susana Pombo.
Os animais sinalizados pela DGAV são encaminhados para os serviços médico-veterinários dos municípios que acolhem os patudos. É nesta fase que a situação é regularizada, de forma gratuita, o que implica a colocação de identificação eletrónica (microchip), cumprimento do plano de vacinação antirrábica e colheita de sangue para titulação de anticorpos do vírus da raiva.
Para que todo o processo decorra da forma mais célere possível, é necessário que os tutores dos patudos informem a DGAV ou os serviços municipais da chegada a Portugal destes animais.
Entre os concelhos contactados pelo REGIÃO DE LEIRIA, o município de Porto de Mós informou que recebeu dois cães com o plano de vacinação antirrábica incompleto e sem identificação eletrónica, mas a situação já se encontra, nesta altura, resolvida.