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Saúde

Rastreios a fumadores para detetar DPOC vão percorrer as capitais de distrito

Ação da Fundação Portuguesa do Pulmão visa detetar precocemente casos de doença pulmonar obstrutiva crónica através de espirometrias.

As capitais de distrito vão acolher, a partir desta semana, uma campanha de rastreio da Fundação Portuguesa do Pulmão direcionada a fumadores e ex-fumadores, com histórico de 10 a 15 anos a fumar cerca de um maço por dia.

Em Leiria, a ação, que ainda não tem data marcada, deverá ser agendada em breve.

O presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), José Alves, explicou à Lusa que com esta ação de rastreio à doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), que em Portugal está subdiagnosticada, a ideia é detetar doentes precocemente, uma vez que depois de instalada a doença a capacidade pulmonar não reverte.

“O primeiro objetivo é tentar alterar a epidemiologia da DPOC, porque se estivermos à espera do diagnóstico quando ela já está instalada teremos de lidar com uma doença que é irreversível e progressiva”, explicou.

“Vamos procurar pessoas que fumam e que não têm diagnóstico de DPOC”, explicou o especialista, acrescentando que a campanha tem ainda um outro objetivo: “as espirometrias [exame usado para diagnosticar a DPOC] vão ser feitas com a presença de um técnico ao lado da pessoa que vai ser rastreada, mas o médico vai estar remotamente”.

“Com este aparelho é possível o controlo remoto e pretendemos habituar a população a trabalhar com estes aparelhos. A ideia que tivemos de que cada pessoa deve conhecer o tamanho do seu pulmão está cada vez mais perto”, afirmou.

Em declarações anteriores à agência Lusa, José Alves já tinha sublinhado a importância de cada cidadão conhecer o tamanho dos seus pulmões: “É um critério determinante para a DPOC e todos deviam saber. É como saber a cor dos olhos, a altura ou a tensão arterial”.

“Mais ainda para os fumadores. Se souberem precocemente [a dimensão dos pulmões] evitam a perda de função respiratória. Se estiverem à espera dos 40 anos, já perderam função respiratória. Em vez de 100% já é 70% e esses 30% nunca mais se recuperam”, referiu na altura.

Sobre a campanha de rastreio à DPOC, o pneumologista diz que os doentes que forem identificados serão informados da sua condição: “Depois, se tiverem médico assistente e quiserem ir ao médico deles vão, se não tiverem a fundação oferece uma consulta gratuita, em especialista, para dar as indicações que tem de dar”..

Segundo a fundação, a doença está muito subdiagnosticada: “Na prática, o que acontece é que deve haver 600.000 a 800.000 doentes com DPOC, só 130 mil estão identificados nos centros de saúde e, desses, nem metade tem espirometria feita”.

Dados do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias divulgados no final do ano passado indicam que, em 2018, a DPOC foi responsável por 2.834 óbitos e, apesar da redução verificada no número de fumadores na população acima dos 15 anos, “é expectável que o número de doentes cresça nos próximos anos”.

O observatório lembrou ainda que o ano de 2019 decorreu com “elevadas expectativas na consolidação do crescimento dos novos diagnósticos, em grande parte assente na realização de espirometrias nos cuidados de saúde primários”, mas a pandemia trouxe um conjunto de desafios no diagnóstico e tratamento das diferentes doenças respiratórias, particularmente da DPOC.

Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística sobre as causas de morte em 2020 revelam que as doenças do aparelho respiratório (excluindo a Covid-19) causaram 11.266 mortes.

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