São muitas as histórias que habitam até ao final do mês de junho a Casa Plástica que o festival A Porta instalou num edifício já por si cheio de história.
Ali, no Terreiro, a antiga habitação do visconde de S. Sebastião, construída no século XIX, foi também sede do antigo FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis) e Pousada da Juventude. Por estes dias, e depois de uma década encerrada ao público, funciona como “centro de operações” d’A Porta, cuja programação principal encerrou domingo, dia 19 de junho. Por ali passaram concertos, workshops e outras atividades do festival. Mas até ao fim do mês ainda há extensões da programação para ver na antiga pousada.
Um dos eventos principais, que fica visitável até dia 30, é a Casa Plástica, coletiva de pintura e artes plásticas que ocupa várias belas salas do edifício (com destaque para os estuques nos tectos), num exercício pensado a partir de trabalhos e intervenções de Gonçalo Pena, Neuza Matias, Nuno Gaivoto Luz, Sílvia Patrício e Tiago Baptista.
A curadoria é de outro artista plástico, Leonardo Rito, que, numa nota à entrada da exposição, descreve os cinco ali expostos:
“As idades variam entre os cinquentas e os vinte anos. São todos pintores, trabalham todos com figuração e são todos excelentes coloristas”, acrescentando em rodapé que um colorista é “alguém que exerce uma habilidosa e subtil escolha na utilização de cores”.
Leonardo Rito assume “ter o privilégio de ter uma relação pessoal com cada um deles”, sobretudo porque qualquer um dos artistas patentes na Casa Plástica 2022 “não tem uma relação leviana com a pintura”.
“Estão todos comprometidos, uma espécie de all-in“, frisa.
Mais se acrescenta que a exposição deste ano marca a aposta, “de forma enfática”, do festival em criadores desta natureza. E, por isso, a partir de 2022, A Porta inicia a construção de uma coleção, “adquirindo uma peça a cada um dos artistas através da sua participação na Casa Plástica”, revela o curador.
“E que melhor maneira de iniciar uma coleção senão reunir cinco autores cuja prosperidade está escarrapachada nos seus trabalho”, interroga Leonarto Rito.
A exposição coletiva pode ser visitada todos os dias, no horário entre as 15 e as 23 horas.