A empresa concessionária do parque municipal de campismo de Peniche desde o início do mês pediu a saída dos mais de mil utentes permanentes para realizar obras de requalificação, orçadas em 20 milhões de euros, o que gerou descontentamento.
Em carta enviada aos campistas no passado dia 1, a que a agência Lusa teve acesso, a empresa Vale Paraíso informou que o parque vai encerrar para obras, motivo pelo qual é solicitado que desocupem os espaços até 30 de setembro, confirmando informações que os utentes começaram a ouvir, de forma informal, desde maio.
“As caravanas ou ‘mobilehomes’ que não forem retiradas até 30 de setembro de 2022 serão consideradas como material desocupado e serão transferidas para os armazéns gerais da Câmara Municipal de Peniche, por um período máximo de 30 dias úteis”, é também esclarecido.
Ana Pereira, de Vila Franca de Xira, utente há 43 anos e proprietária de uma rulote, manifestou à agência Lusa descontentamento por ter de abandonar o parque ao fim de tantos anos, não sabendo “onde colocar o material”.
“Estou de acordo com as obras, mas não estou de acordo com o ultimato para sairmos e toda a gente está muito revoltada”, disse por seu turno Maria José Heleno, do Entroncamento, utente há 30 anos, 20 dos quais com caravana.
Obrigada a sair, tenciona levar a rulote “para casa” e “para o ano logo vê”.
Já Adelaide Henriques, de Arruda dos Vinhos, utente com rulote há quatro anos, afirmou que “vai aguentar até à última” e não sabe onde colocar o seu equipamento.
Maria Guilhermina Marques, de Coruche, manifestou também o seu “desagrado”, por não dispor de local para colocar a rulote que tinha desde 2005 no parque, em virtude de “já ter alguns anos e não ser fácil de transportar”.
Habituados a fazer férias durante o verão no parque, os utentes queixaram-se de serem informados oficialmente “em cima da hora” e criticaram o município por ter “agido sem ter em conta os interesses dos campistas”.
“A decisão sobre a retirada dos equipamentos para a realização de obras, respetivas condições e nova alocação dos espaços caberá ao arrendatário”, é dito numa informação do município enviada também no início do mês aos utentes e confirmada pela autarquia à Lusa.
Questionada pela Lusa, a empresa Vale Paraíso, do grupo Ohai Resorts, esclareceu que “foram tomadas algumas medidas que permitem auxiliar os utentes nesta fase e que as mesmas foram comunicadas atempadamente”, levando algumas famílias a colocarem as suas caravanas noutros parques de campismo.
Foram ainda apresentadas soluções de empresas de mudança ou compra de caravanas.
A Câmara de Peniche, no distrito de Leiria, concessionou este mês, por 25 anos, o parque municipal de campismo e caravanismo à empresa Vale Paraíso Empreendimentos Turísticos, única concorrente ao concurso, gestora da marca Ohai Outdoor Resorts e concessionária de outro parque na Nazaré.
A concessionária vai pagar por ano à autarquia 750 mil euros, divididos por quatro prestações.
O município decidiu concessionar o parque a privados por não conseguir efetuar melhorias, calculadas em 4,5 milhões de euros, depois de problemas que levaram a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica a encerrá-lo há vários anos, de forma temporária.
Helder Dias disse:
De facto a Câmara de Peniche esteve a marimbar-se para os utentes do parque ,alguns sem hipótese de retirar o material ,e sem ter em conta as despesas envolvidas para o retirar,sacudindo a água do capote para cima do novo concessionário.Da mesma maneira iremos ver os preços praticados aquando da reabertura e se será para que tipo de bolsas,pois é natural que o concessionário pretenda fazer lucro face ao tipo e quantidade de investimentos realizados .Ao esconder dos campistas a sua decisão (só à um mês me foi o facto oficialmente comunicado…)impossibilitou que estes se organizassem para tomar quaisquer medidas no seu interesse ,pois nem os funcionários sabiam nada de concreto…Amigos de Peniche…..