A música de B Fachada, o teatro “Antiprincesas” e uma conversa com Sérgio Godinho são algumas propostas do primeiro fim de semana do ciclo Ágora, projeto cultural que decorre até outubro no Castelo de Leiria.
Entre sábado e domingo, dias 16 e 17 de julho, há concertos, conversas, teatro, oficinas para público infantojuvenil e artes plásticas nas tardes do Castelo, no primeiro momento de Ágora, iniciativa do município de Leiria, com produção da Omnichord.
“Ágora quer ser um espaço de reunião, de assembleia, de união, mas também se retira o acento para ser o espaço do agora, num castelo que carrega milhares de anos de história”, explica à agência Lusa o curador do ciclo, Guilherme Garrido.
A partir de um monumento que guarda “uma história imensa”, desenha-se uma “programação transversal e transgeracional” que explora “imagens e palavras que ficam cravadas na nossa história e na nossa memória”. Exemplos? “A ideia de castelo de cartas e castelos de areia ou a frase ‘Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo’”.
A partir de um dos locais turisticamente mais visitados de Leiria, Ágora quer ser “criador de novas histórias, mais contemporâneas e que projetam o agora e também um futuro”.
“Gosto sempre de pensar que quem tem pedras para construir um castelo também tem pedras para construir uma ponte e ou espaços de reunião”, afirma Guilherme Garrido, ressalvando ser “programador e não historiador”.
“Há pessoas muito mais qualificadas para contarem as histórias do Castelo de Leiria”, nota o curador, que pensou as atividades também como forma de o público “ir viajando e descobrindo os diferentes espaços do Castelo”, até chegarem ao mesmo sítio, onde acontecem as propostas. “Acaba também por ser uma metáfora da vida”, salientou.
Ligado à produção dos festivais Super Nova, A Porta, Tremor, mapas natureza ou Nascentes, Guilherme Garrido tem no Castelo de Leiria um desafio suplementar.
“Um castelo, com muralhas, no topo de uma cidade, é um território extremamente distinto dos projetos a que estou mais habituado a programar. Daí a vontade de atirar-nos de cabeça para este desafio”, num espaço “completamente diferente de qualquer outro na cidade, de onde se tem uma perspetiva completamente distinta de Leiria”.
A par do programa cultural, Ágora quer “convidar as pessoas a subir ao Castelo para ver, refletir, sentir e respeitar o espaço”.
O ciclo desenvolve-se à razão de um fim de semana por mês, até outubro, e a participação é gratuita, estando integrada no bilhete normal do monumento.
Neste primeiro momento, Ágora apresenta no Castelo de Leiria a instalação “Fragmento”, do artista João Pedro Fonseca e três oficinas infantojuvenis. No sábado, Sérgio Godinho conversa sobre o livro “Palavras são Imagens são Palavras” e há concertos de B Fachada e do coro Ninfas do Lis com quarteto de jazz.
Domingo a programação completa-se com “Música com história(s)” para famílias e o espetáculo “Antiprincesas – Frida Kahlo”, de Cláudia Gaiolas.
“Neste primeiro fim de semana damos muita relevância à palavra”, contou o programador, destacando também a intenção de “desmistificar as mulheres apenas como princesas, aquelas a quem, ao longo da história, o homem vai salvar”.
Neste particular, Guilherme Garrido destaca “Antiprincesas”, de Cláudia Gaiolas, que fala de “mulheres absolutamente fascinantes do mundo contemporâneo”, no caso Frida Kahlo, bem como a atuação do coro feminino Ninfas do Lis, “para percebermos que todos nós somos vozes individuais que, quando se juntam, torna-se mais fácil fazer revoluções”.
No final do ciclo, a organização quer contribuir para a reflexão em torno de como é que hoje “o Castelo inspira alguma coisa e continua a transformar”.
“Como a ágora – praça pública nas cidades da Grécia antiga – queremos criar um lugar de reunião e perceber, depois das pessoas estarem reunidas, o que é acontece”, concluiu Guilherme Garrido.