Estamos habituados a ver o trabalho multifacetado de Mariana, a miserável, noutra escala: álbuns, posters, livros, quadros. Mas a ilustradora de Leiria conta já com obra de arte pública em Portugal. Gosta da efemeridade – “em Viseu tenho um [mural] já esbatido e gosto daquilo”; desgosta da exposição ao público e das duras condições de trabalho – “admiro quem faz disto vida”. Em festivais, começou em 2013, no Walk & Talk nos Açores, mas de então para cá tem doseado as participações. Este ano, contudo, vai ter uma parede de Figueiró dos Vinhos. Mariana junta-se à galeria ao ar livre que o festival Fazunchar tem instalado na vila desde 2018, contribuindo com a mais recente paixão: os azulejos.
Há muito que ela apreciava o património azulejar do modernismo português, nas lojas, cafés ou estações de metro. “Maria Keil, Júlio Resende, Querubim Lapa são nomes que venerava há muitos anos”. Em 2018, o ateliê Gazete Azulejos, do Porto, desafiou-a para uma coletiva em azulejo, “um suporte completamente diferente”.
De então para cá surgiram mais colaborações, encomendas privadas, novos convites. Para o Fazunchar foi ao contrário: ao apelo que lhe foi feito, Mariana respondeu com um desafio. E se fossem azulejos? “Era algo que já queria há algum tempo, fazer painéis, com uma escala maiorzinha. Faz todo o sentido num sítio público”, depois de já ter criado para hotéis, restaurantes e uma loja.
Fazunchar: Mariana, a miserável homenageia em Figueiró o pão na forma de azulejo
O festival das artes de Figueiró dos Vinhos convidou-a e ela respondeu com um desafio. O resultado é o primeiro painel de azulejos assinado pela artista de Leiria que fica em espaço público.