Na Nazaré, diz-se que “todas as ruas vão dar ao mar”. Mas, ultimamente, para chegar ao areal é preciso uma dose generosa de paciência, devido ao trânsito caótico e à falta de estacionamento. Nos meses de julho e agosto houve, mesmo, uma verdadeira onda gigante de turistas, que tornou mais difícil a vida de quem mora numa vila que já deixou de ser piscatória para se tornar um destino de turismo das multidões.
Celina Moleiro frequenta, desde que se lembra, aquela que foi, outrora, a mais típica praia portuguesa, mas não tem memória de um verão assim. Apesar de ter casa a 5 minutos a pé da praia, gasta mais tempo a estacionar o carro do que a fazer o caminho entre Mira de Aire, onde reside na maior parte do ano, e a vila que escolheu para segunda habitação.
“Demoro 40 minutos a chegar à Nazaré e quase uma hora para estacionar o carro e fazer o caminho a pé até casa”, testemunha a mirense, de 67 anos.
Sem garagem, pediu na Câmara o dístico de residente para poder estacionar perto de casa, uma vez que a rua prevê estacionamento para moradores. Só que “estaciona lá toda a gente, menos quem lá mora”, lamenta.
“O mês de agosto sempre foi o mais concorrido, mas nunca vi tanta gente na Nazaré, tanto durante o dia, nas ruas e na praia, como à noite. Tudo cheio, com filas até dizer chega. Os restaurantes já nem aceitavam reservas”, acrescenta Celina Moleiro.
Nazaré. Uma onda gigante de turismo a rebentar pelas costuras
Aquele que terá sido o melhor verão de sempre na Nazaré resultou numa enchente de turistas nos meses de julho e agosto. Moradores queixam-se, empresários hoteleiros agradecem, Câmara regozija-se.