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Cultura

Bairro operário da Empresa de Cimentos de Leiria, na Maceira, acolhe quatro dias de cultura e reflexão

“A arte, as gentes e o património” é uma iniciativa da Casa da Cultura da Maceira e pretende repensar o bairro enquanto objeto social e arquitetónico.

Um dos objetivos da Casa da Cultura da Maceira é tornar o bairro operário da Secil em “objeto de interesse público e nacional” Foto de Arquivo

O jardim do bairro operário da antiga fábrica da Maceira-Liz da Empresa de Cimentos de Leiria recebe de quinta-feira a domingo, entre os dias 15 e 18, “A arte, as gentes e o património”, evento que congrega atividades culturais e a reflexão sobre o passado e o futuro do lugar. 

Criada para divulgar o património material e imaterial da região, a iniciativa da Casa da Cultura da Maceira (CCM) pretende “intervir no respeito pela cultura e pela memória do lugar”, recuperando a herança histórica do emblemático e quase centenário espaço, hoje bairro gerido pela Secil Portugal.

“O propósito deste evento, cuja ideia surgiu em 2014, é dar expressão ao bairro, à cultura e à arte, ‘cosendo’ os três neste local que há várias gerações é objeto de estudo. Queremos repensar o bairro, enquanto objeto social e arquitetónico – e não o deixar morrer”, explicou à agência Lusa o presidente da CCM, Jorge Francisco.

Para o responsável, “o bairro está num coma profundo”, que “não é físico, mas é intelectual”.

“É importante ter uma ideia para o bairro, uma visão do todo e não individual. Se conseguirmos ajudar a tornar o bairro numa casa comum, se calhar ele pode emergir desse coma para o futuro”, acrescentou.

Jorge Francisco avançou que uma das intenções é tornar o bairro “objeto de interesse público e nacional”, de forma a garantir uma classificação que impeça que “seja esventrado na ideia original e na imagem de bairro pensado como um todo e não em prol do interesse individual. Queremos um bairro feliz. Este evento é mais um contributo para isso”.

Herdeiro da intensa atividade cultural que ali teve lugar nos tempos áureos do bairro, desde os tempos do fundador, Henrique Sommer (1886-1944), “A arte, as gentes e o património” promove escultura ao vivo em betão, exposições, instalações, dança, música, teatro e palestras, que juntam empresários, investigadores, arquitetos e intelectuais.

As atividades decorrem até domingo em espaços como a Casa do Pessoal, antiga cantina, antigas instalações da Casa da Rapariga, coreto, entre outros.

“Houve uma vida cultural muita intensa e Henrique Sommer teve sempre uma ação humanista e comunitária. Hoje estamos de novo a tentar, com este pequeno propósito, restituir alguma vida ao bairro, mas dotada de um pensamento, não de uma forma avulso. Com a colaboração e boa vontade da Secil, queremos dar expressão local e nacional, realçando a importância que este bairro tem para o país”, frisou o presidente da CCM. 

A abertura oficial de “As artes, as gentes e o património” está agendada para quinta-feira, dia 15, às 17h30, no Jardim da Memória. 

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