A recuperação do Pinhal de Leiria irá custar cerca de 9 milhões de euros aos cofres do Estado, até 2025. Desta verba, já foram investidos aproximadamente 3,6 milhões de euros.
O ponto de situação foi feito ao início da tarde de hoje pelo secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas que, na Marinha Grande, participou em mais uma reunião do Observatório do Pinhal do Rei.
“Viemos prestar contas as marinhenses, mostrar o que fizemos e o que temos previsto para os próximos anos”, explicou João Paulo Catarino, no final da reunião que decorreu à porta fechada. Até ao momento foram intervencionados 3.300 hectares, adiantou o governante, referindo igualmente que já foram plantados cerca de 1.700 hectares de árvores.
“O governo tem mais de 9 milhões de euros previstos e já investiu cerca de 3,6 milhões e há forte investimento na Mata Nacional de Leiria que já é visível”, reforçou.
“Temos um plano de investimento, contratualizado já com as empresas e em curso, de 2022 a 2025 que perfaz, no total, mais de 9 milhões de euros de investimento”, acrescentou o governante.
A Mata Nacional de Leiria, também conhecida como Pinhal de Leiria e Pinhal do Rei, foi seriamente afetada pelos fogos de outubro de 2017.
A venda da madeira que resultou queimada na sequência do fogo que consumiu 86% do Pinhal, permitiu ao Estado arrecadar cerca de 17 milhões de euros. Esta verba, assegurou João Paulo Catarino, será canalizada para a recuperação da Mata mas é insuficiente para suportar todo o esforço que terá de ser empreendido. “Vão ser precisas dezenas e dezenas de milhões de euros”, declarou.
“Os 17 milhões de euros que o estado arrecadou com a venda de material lenhoso, não vão ser suficientes e não vão chegar para os investimentos que é necessário fazer no Pinhal de Leiria, não temos é que o gastar todo [o dinheiro] quando ele não faz falta”, declarou o governante.
O secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas, lembrou que será necessário “esperar pelo tempo da natureza. E o que estamos a fazer é, à medida que temos condições efetivas de intervir, de o fazer”.
João Paulo Catarino reconheceu impactos da seca, referindo que era expectável que “grande parte das folhosas” que foram introduzidas no Pinhal “acabaram por secar”. A aposta, todavia, continua, “nas zonas mais húmidas”. Aí a ideia é “tentar aumentar as áreas de folhosas”.
A persistência de mato em alguns locais foi igualmente abordada pelo responsável da pasta das Florestas, lembrando que o estrato arbustivo permanece por opção técnica, tal como já tinha adiantado ao REGIÃO DE LEIRIA Fátima Reis, engenheira florestal, diretora regional do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
“Não é porque o ICNF não queira retirar. Estão lá para proteger aquelas árvores que plantámos dos ventos marítimos. Quando chegar a altura, quando tecnicamente se justificar, esses matos serão removidos”, assegurou João Paulo Catarino, notando que “nessa altura vai ser preciso mais esses milhões”.
Observatório com reuniões trimestrais
Em outubro de 2020, uma reunião semelhante à de hoje decorreu à porta aberta com transmissão pela internet. A reunião de hoje, à porta fechada, não significa qualquer fechamento, garante o elemento do Governo. João Paulo Catarino assegura mesmo que deixou a sugestão de um reforço da prestação de contas, com um aumento da periodicidade das reuniões.
“O que fizemos foi sugerir que o Observatório se transforme em Comissão de Acompanhamento e que essas reuniões passem a ser trimestrais entre o ICNF e o Observatório”, referiu o secretário de Estado que pretende que assim “o ICNF [possa] prestar contas e para que os elementos do Observatório possam ajudar a comunicar o que está efetivamente a ser feito”.
Aurélio Ferreira, presidente da Câmara da Marinha Grande e presidente do Observatório, saudou a sugestão e referiu notar melhorias na comunicação do ICNF. “Nos quatro anos a seguir aos incêndios de 2017 não havia comunicação com o ICNF”, criticou o autarca que revelou ter notado que no último ano a “situação mudou”.
“Há coisas que deviam ter feito e não foram feitas, sim. Podia ter-se feito diferente ou melhor, sim”, disse. Aurélio Ferreira defendeu a importância de pensar o futuro do Pinhal, para que possa vir a ser usufruído pelas próximas gerações: “será pelos meus netos, já não será para mim”.