Quase meia centena de obras de José Malhoa e Rafael Bordalo Pinheiro integram a exposição “A importância do riso”, que o Museu e Centro de Artes de Figueiró dos Vinhos inaugura no domingo.
Pinturas, esculturas e peças de cerâmica, cedidas por particulares e instituições públicas, ajudam a perceber “a forma como estes artistas trataram o riso”, explicou à agência Lusa Bruno Batista, do Gabinete de Cultura da Câmara de Figueiró dos Vinhos.
“São contemporâneos, ligados à geração naturalista portuguesa. Ambos são dois vultos de época e ambos têm formas de abordar o riso que são completamente diferentes”, sublinhou, avançando que a curadora Maria de Aires Silveira construiu a exposição em torno de oito pontos: “A ideia de felicidade, ironias e envolvimento popular”, “Crítica social”, “O riso da desgraça”, “O riso da provocação”, “Risos e sorrisos”, “A essência do riso e a temida caricatura do quotidiano”, “Riso contestatário na afirmação do movimento Imprensa periódica no contrapoder irónico da comunicação social” e “Coragem e consciência crítica do artista”.
É, resume o responsável, “o riso e os sorrisos que conseguimos ver na obra dos dois autores, que se sentavam à mesa da cervejaria-museu Leão d’Ouro, em torno de Silva Porto”.
As cerca de 45 obras de José Malhoa (1855-1933) e Bordalo Pinheiro (1846-1905) que vão ser expostas no Museu e Centro e Artes de Figueiró são cedidas pelo Museu Nacional de Arte Contemporânea, Casa – Museu Anastácio Gonçalves, Museu José Malhoa, Museu da Cerâmica das Caldas da Rainha, Sociedade Nacional de Belas Artes e Fundação Millennium BCP e colecionadores particulares.
“Há alguns anos que temos vindo a fazer algumas exposições sobre os caminhos do naturalismo em Figueiró dos Vinhos, em que exploramos a estadia de José Malhoa e Henrique Pinto [1853-1912] nesta região”.
Esta exposição aborda Malhoa, cuja obra revela “o ‘poder da imagem’, única e original, em cenários realista, atraentes e acessíveis”, confrontando-o, “num exercício que não se vê muito”, a Bordalo Pinheiro, representante “do ‘contrapoder’, através de um humor muito sarcástico e cáustico”, numa “crítica social e política às elites daquele tempo”, acrescentou Bruno Batista.
“A importância do riso” surge num momento em que a perspetiva de futuro para Portugal e o mundo está algo carregada. O responsável pelo Gabinete de Cultura admite que a escolha do tema para a exposição também tem a ver com isso, porque “o riso ajuda, um bocadinho, a superar as dificuldades”.
A exposição é inaugurada dia 25 de setembro, às 16 horas, e estará patente até 28 de maio de 2023.