“Police Machine”, de Joseph Danan, é a última produção do Teatro da Rainha a estrear-se este ano, com encenação do próprio autor, que até à estreia, a 3 de novembro, está nas Caldas da Rainha a dirigir os atores.
Professor e dramaturgo, Joseph Danan aceitou o desafio da companhia residente nas Caldas da Rainha para “encenar o seu próprio texto, num trabalho de cumplicidade, mais de comentário e menos diretivo”, disse à agência Lusa o encenador do Teatro da Rainha, Fernando Mora Ramos, que nesta peça assume a função de ator para desempenhar o papel de Deus.
Uma experiência que o dramaturgo francês já tinha feito há anos com uma companhia mexicana e que o Teatro da Rainha faz pela primeira vez na cidade onde a 3 de novembro estreará “Police Machine” e o público poderá ver o resultado “inesperado” desta parceria entre o autor e os atores da peça.
Em cena, a história de um locutor de rádio que divulga um caso de parrícidio “de um modo espetacular, que dá origem a uma espiral de violência de que o próprio é vítima”, resume a companhia, acrescentando que “três matulões abusam dele sexualmente na rua” e que o mesmo é depois acolhido por uma prostituta com quem mantém uma relação de amizade.
“Os matulões regressam à cena agora travestidos em polícias” e, pode ler-se no texto de apresentação da peça que o comportamento “de uns e outros é muito semelhante: a mesma violência”.
No final parecem duas estranhas figuras: uma criança que rouba e Deus, na figura de um mendigo.
A peça conta no entanto com a particularidade de ter “todas as figuras masculinas interpretadas por atrizes”, em resultado de mais um desafio lançado pela companhia ao dramaturgo e aceite por Joseph Danan que, enquanto encenador, acompanhou o trabalho de “uma espécie de coletivo feminino a representar a violência masculina”, explicou Fernando Mora Ramos.
A interpretação no feminino vai estar a cargo de Beatriz Antunes, Mafalda Taveira e Marta Taveira, a que se juntam em palco Fábio Costa, Fernando Mora Ramos e Nuno Machado.
O texto, escrito e encenado por Joseph Danan, foi traduzido por Isabel Lopes.
A peça, a última produção deste ano da companhia, estreia-se a 3 de novembro, na Sala Estúdio do Teatro da Rainha, onde poderá ser vista de quarta a sábado, sempre às 21h30, até ao dia 26 de novembro.
Até lá, a companhia prossegue com o ciclo “Diga 33 – Poesia no Teatro” que este mês propõe um encontro com o poeta António Ferra e, no dia 30, um concerto com Tiago da Neta, intitulado “canções sem palavras e danças sem passos”.
O Teatro da Rainha é uma companhia residente nas Caldas da Rainha que, ao longo de quase duas décadas, produziu espetáculos quer nesta cidade quer em Évora, Coimbra, Lisboa e Porto.
Tem atualmente em construção uma nova sede, projetada para aprofundar práticas de criação, experimentação e formação.