A Comissão Ambiente e Defesa da Ribeira dos Milagres alertou para uma nova descarga poluente na ribeira dos Milagres, no concelho de Leiria.
“A descarga poluente ocorreu pelas 23:30 [de segunda-feira]. Fomos alertados pelo cheiro nauseabundo e viemos verificar à ribeira a grande descarga que está a ocorrer”, disse à agência Lusa José Carlos Faria, membro da comissão e seu antigo porta-voz.
O responsável garantiu que “não há dúvidas de que se trata de uma descarga de suiniculturas”.
“É um cheiro que não se pode estar, a água está completamente negra, parece alcatrão, tem muita espuma, sinais característicos de efluentes das suiniculturas”, precisou José Carlos Faria, referindo que os prevaricadores aproveitaram o facto de ser noite para a realização das descargas.
Lamentando, também, que “assim que haja um bocado de nuvens no céu ou chuva” os infractores “não perdoem”, embora tenham “mais controlo quando é época balnear”, o ex-porta-voz da comissão criticou, igualmente, o impasse na resolução do problema.
“Desde os anos 70 que esta situação existe e vai continuar porque ainda não nasceu o político que acabará com as descargas”, desabafou José Carlos Faria, lembrando que noutros tempos chegou “a apanhar enguias e a nadar na ribeira dos Milagres”, um afluente do rio Lis, curso de água que desagua na Praia da Vieira, no concelho da Marinha Grande.
Para o responsável, que comunicou à GNR a descarga, a revolta em relação a esta situação é maior por “ver que há dinheiro para tanta coisa em Portugal, como campos de futebol, quando estes exemplos persistem e são uma vergonha”.
Fonte da GNR confirmou à Lusa a recepção da denúncia e o envio ao local de uma patrulha.
A solução final para os efluentes suinícolas produzidos na região de Leiria passa pela construção de uma estação de tratamento, cuja construção deverá também resolver o problema das descargas na ribeira dos Milagres.
A ETES, projetada para a freguesia de Amor, no concelho de Leiria, tem um custo previsto de 18 milhões de euros e é uma obra da responsabilidade da Recilis.
Há cerca de uma semana, o presidente da Recilis disse estar em curso a constituição do consórcio que vai executar a ETES, onde se inclui esta empresa, a Águas de Portugal, a Luságua e a Fomento Investe.
Na ocasião, David Neves adiantou que os suinicultores “têm sido o grande bode expiatório da bacia hidrográfica do Lis”, mas rejeitou que sejam os únicos responsáveis pela sua poluição.
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