Um levantamento biológico realizado nas três lagoas da Mata do Urso na freguesia do Carriço, concelho de Pombal, identificou, entre 114 espécies de plantas, 15 exóticas, duas ameaçadas e 10 raras, segundo um comunicado hoje enviado à agência Lusa.
O bioblitz, levantamento biológico para registar o número máximo de espécies, decorreu de sexta-feira a domingo, com a participação de 15 investigadores voluntários.
“Desta atividade foram identificadas quatro espécies de mamíferos, répteis, anfíbios, um peixe invasor, oito espécies de aves, 18 espécies de fungos, 23 espécies de invertebrados, 114 espécies de plantas, das quais 15 são plantas exóticas, duas ameaçadas e 10 raras”.
Segundo o documento, encontraram-se “quatro espécies de carriços”, que dá origem ao nome da freguesia.
Através do comunicado salientou-se que, apesar de um “conjunto de ameaças, entre elas plantas invasoras”, como a acácia, o eucalipto e a erva-das-pampas, e “fatores de risco de origem natural”, como os incêndios de outubro de 2017, o furacão Leslie, em outubro de 2018, e o atual período de seca, os investigadores constaram que “as lagoas da Mata do Urso conseguiram guardar muitos dos seus tesouros”.
“O que aos nossos olhos nos aparentam ser lagoas secas e num grande estado de destruição, esta iniciativa permitiu-nos ter a oportunidade de encontrar um vasto conjunto de espécies que indicam a importância destes habitats e que importam urgentemente preservar”, afirmou a investigadora Gabriela Marques, citada no comunicado.
Gabriela Marques, que reside na freguesia do Carriço, no distrito de Leiria, adiantou que, pelos resultados obtidos, as lagoas de S. José e das Correntes (o bioblitz decorreu ainda na lagoa dos Linhos), “consideradas em maior estado de vulnerabilidade, apresentam um grande conjunto de espécies indicadoras de habitat de turfeiras da região do litoral” e, “dentro destas, um conjunto variado do género Carex, denominado de carriços na linguagem popular, ericáceas e juncos, entre outras gramíneas com estatuto de espécie rara, ameaçada ou em risco de extinção”.
O bioblitz está integrado num programa de residências científicas sob a coordenação da bióloga Ana Marta Costa e do ecólogo Jael Palhas e idealizadas pelo arquiteto paisagista Ricardo Camacho e por um grupo de cidadãos locais representados por Luís Couto e a investigadora Gabriela Marques.
Esta atividade é apoiada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e é promovido pelo Grupo de Cidadãos Oeste Independentes.
No dia 29, este grupo de voluntários pretende continuar o trabalho de identificação de espécies, com a Noite das Criaturas das Trevas, que voltará a contar com investigadores.
“O controlo de invasoras é, no entanto, de caráter urgente, e, no mesmo dia 29, faz o convite à população para que se associe para uma ação de controlo de espécies invasoras na lagoa dos Linhos”.
De acordo com o sítio na Internet do ICNF, a Mata Nacional do Urso tem 6.053 hectares e está arborizada numa superfície de 5.145 hectares, “tendo como espécie principal o pinheiro-bravo (que ocupa 85% da área da Mata), sendo a restante área ocupada com folhosas diversas que existem ao longo das linhas de água e dos caminhos”.