O anúncio foi feito pelo reitor do Santuário de Fátima no final da peregrinação internacional aniversária de outubro, aos peregrinos: “Foi entregue esta manhã, no Dicastério para as Causas dos Santos, em Roma, a Positio Super Vita, Virtutibus et Fama Sanctitatis do processo de beatificação e canonização da Serva de Deus Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.
Para Carlos Cabecinhas, este é mais um passo neste processo “tão desejado por Fátima e pelos seus peregrinos”. Lúcia – lembra o sacerdote – considerava-se a primeira peregrina da Cova da Iria.
O volume confiado a Roma contém a biografia da irmã Lúcia, feita a partir dos documentos recolhidos na fase diocesana do processo (que decorreu na diocese de Coimbra entre 2008-2017) bem como a Informatio, que descreve as virtudes vividas pela Irmã Lúcia, e “o elenco dos depoimentos das testemunhas, o seu Diário e outros documentos inéditos, considerados relevantes no processo”.
Em Roma, a entrega da documentação foi feita pelo Prefeito do Dicastério, cardeal Marcello Semeraro, pelo Postulador Geral. Pe. Marco Chiesa, acompanhado da Vice-Postuladora, irmã Ângela de Fátima Coelho, do relator, Monsenhor Maurizio Tagliaferri e da colaboradora da Causa, Irmã Filipa Pereira.
No entanto, “prevê-se um longo percurso até à tão desejada beatificação e canonização”, assinala o Santuário de Fátima. Estes documentos serão agora analisados por um conjunto de nove teólogos que emitirão o seu parecer, no Congresso dos Consultores Teólogos.
O processo ficará concluído, depois de alguns trâmites, quando o Papa promulgar o decreto sobre as virtudes heroicas, de um dos três pastorinhos de Fátima. A partir desse momento, a irmã Lúcia deixará de ser considerada “Serva de Deus” e passará a ser designada como “Venerável”. Para as etapas de beatificação e canonização “é necessário, ainda, a aprovação do respectivo milagre”, realça o Santuário.
O processo de canonização é composto por uma fase diocesana e outra romana. A fase diocesana do processo de beatificação e canonização da irmã Lúcia de Jesus chegou ao fim a 13 de fevereiro de 2017, altura em que passou para a competência direta da Santa Sé e do Papa. Teve início em 2008, três anos após a sua morte, depois de Bento XVI ter concedido uma dispensa em relação ao período de espera estipulado pelo Direito Canónico (cinco anos).
A irmã Lúcia de Jesus, que faleceu a 13 de fevereiro de 2005, com 97 anos, viveu 57 anos de vida carmelita. Depois de um ano sepultada em campa rasa, como foi seu pedido, no Carmelo de Coimbra, e encontra-se sepultada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima, desde 2006.