Nos últimos meses, muitos compositores mergulharam na poesia de Saramago. Desafiados pela Leiria Cidade Criativa da Música (LCCM), alguns leram pela primeira vez essa produção menos conhecida do nosso Nobel da literatura, procurando inspiração para novas composições.
“Se conseguirmos, através da LCCM, tocar dezenas ou centenas de músicos desta forma tão profunda, acho que cumprimos o nosso papel”, afirmou Daniel Bernardes, coordenador da LCCM, na apresentação da programação da primeira edição do festival Leiria Cidade Criativa da Música, marcada “pelo ímpeto criativo”.
A partir de quarta-feira, 16 de novembro, há “muita novidade” para ver. “Ao longo deste festival vamos ter a apresentação de 17 obras musicais originais, inspiradas em Saramago e em estreia absoluta. É o que nos diferencia”, realçou a vereadora da Cultura, Anabela Graça.
O festival foi pensado para oferecer música e teatro ao público, mas também para “plantar sementes na experiência de músicos e compositores”, notou Daniel Bernardes, ele próprio pianista-compositor. Serão “experiências transformadoras”, acredita, referindo-se à participação de compositores e intérpretes locais, e ainda de convidados com projeção nacional e novos criadores de música, candidatos ao concurso lançado pela LCCM.
Desse exercício que envolve literatura e teatro, há muita música nova a revelar-se em Leiria, Anabela Graça deseja vê-la chegar a outras cidades criativas: “Leiria está a ser uma incubadora de criatividade. Gostávamos muito de levar esta música fora de fronteiras, para que este festival seja não só de Leiria mas um festival internacional”.
“A maior flor do mundo”, peça do Leirena Teatro a partir de conto infantil de Saramago com o mesmo nome, abre o festival na quarta-feira (21h30), no Teatro José Lúcio da Silva. À interpretação de Matilde Cruz junta-se a música ao vivo de Surma, com encenação de Frédéric da Cruz Pires. O espetáculo terá interpretação em Língua Gestual Portuguesa e audiodescrição.
No dia seguinte, quinta-feira, 17 de novembro, no Teatro Miguel Franco há noite jazz com a cantora Rita Maria e o Septeto da Associação Jazz de Leiria. O programa inclui as obras escritas por Pedro Nobre, Paulo Santo, César Cardoso, Bruno Santos, Pedro Moreira, Mário Laginha, João Capinha e Diogo Santos.
A fechar o festival, no dia 18 de novembro, o palco do Teatro Miguel Franco fica por conta da soprano Rita Marques e do ensemble de 13 músicos da Associação das Filarmónicas do Concelho de Leiria, dirigidos por Nicholas Reed. A partir das 21h30 dá-se vida à música de João Santos, Nuno Barradas, André Barros, Anne Victorino d’Almeida, Carlos Azevedo, Carlos Brito Dias, Nelson Jesus e David Teixeira da Silva.
Poesia de Saramago inspira estreia de muita música e teatro na Leiria Cidade Criativa
Durante três dias há 17 novas obras para descobrir no I Festival Leiria Cidade Criativa da Música, com assinatura de Mário Laginha, Anne Victorino de Almeida, André Barros, César Cardoso ou Leirena e Surma. E tudo com entrada livre.