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Leiria

Chuva provoca inundação em instalações desportivas em Monte Real

Clube voltou a viver o pesadelo das cheias de 2014. Atraso na recuperação da estação elevatória dificulta bombagem de águas. Cerca de 400 hectares de campos agrícolas também foram afetados.

As fortes chuvas desta semana provocaram inundações no campo de futebol e pavilhão geridos pelo Grupo Desportivo de Monte Real (GDMR), no concelho de Leiria.

Terça-feira, a precipitação elevada fez com que o pavilhão ficasse “com 30 centímetros de água”, contou ao REGIÃO DE LEIRIA o presidente da direção do GDMR, Hélder Santos.

“O campo, mesmo subindo 80 centímetros nas últimas obras, também inundou. E mesmo hoje, com as bombas a continuarem a trabalhar, a água recuou um pouco, mas está a 8 centímetros de entrar novamente no pavilhão”, lamentou o dirigente.

A inundação obrigou a equipa sénior de futebol a cancelar treinos, o mesmo acontecendo com as equipas da Escola Academia do Sporting, com quem o GDMR tem um protocolo. No pavilhão, os treinos de kempo e ju jistsu tiveram de ser transferidos para associação de Carvide “até voltar a haver condições”.

“A situação causou-nos vários contratempos e prejuízos. Mas ainda estamos a avaliar os estragos para decidir o que vamos fazer”, acrescentou Hélder Santos.

A situação não é inédita, contou o presidente da direção, e estará relacionada com o facto de “as bombas da Associação de Regantes não terem capacidade de bombear às águas que se encontram nas valas” que despejam no rio Lis.

“Dizem-nos que não têm capacidade para por mais bombas, mas as valas não têm capacidade de escoamento. Por isso, sempre que chove, esta situação é recorrente”, lamenta o presidente Hélder Santos.

Vídeo: GDMR

Obras de reconversão da estação de bombagem devem arrancar em março

Henrique Damásio, administrador-delegado da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Lis (ARBVL), tem conhecimento da situação e explica que o “problema é do conhecimento de todos há muito tempo”.

“Toda a zona onde está o campo de futebol está mais baixa do que o leito do rio [Lis] e a água só sai dali se for bombada” a partir da estação elevatória de bombagem das Salgadas, explica.

A estação, construída no final dos anos de 1950, “está muito degradada” e “depois das cheias de 2013 e 2014, nunca mais voltou a funcionar da mesma maneira, as bombas ficaram muito degradadas”, justifica Henrique Dâmasio, indicando que é a ARBVL é quem suporta os custos de energia associados, mas a estação é propriedade do Estado, a quem compete realizar a obra.

A construção de uma nova estação está prevista há vários anos e as últimas informações indicam que deverá arrancar em março do próximo ano.

Ainda assim, informa o responsável, “as bombas estão ligadas permanentemente, mas não têm a capacidade que já tiveram”.

Nos últimos anos, a associação tem falado com o responsável do GDMR que está ao corrente da situação, mas lembra Henrique Damásio que a infraestrutura desportiva “está construída em zona agrícola e trata-se de uma instituição social”. “Há prejuízos ali como há para os muitos agricultores, que têm os seus terrenos ali e perderam o trabalho dos últimos meses. Há prejuízos em cerca de 400 dos 2.000 hectares desta região. São pequenos produtores que não vão conseguir tirar rendimento do trabalho que lá fizeram”, diz.

A juntar a tudo isto está o custo energético, que disparou nos últimos meses, e um custo inerente para o planeta, afirma Henrique Damâsio, ainda sem saber quem vai suportar a despesa da factura de energia e de que forma.

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