As fortes chuvas desta semana provocaram inundações no campo de futebol e pavilhão geridos pelo Grupo Desportivo de Monte Real (GDMR), no concelho de Leiria.
Terça-feira, a precipitação elevada fez com que o pavilhão ficasse “com 30 centímetros de água”, contou ao REGIÃO DE LEIRIA o presidente da direção do GDMR, Hélder Santos.
“O campo, mesmo subindo 80 centímetros nas últimas obras, também inundou. E mesmo hoje, com as bombas a continuarem a trabalhar, a água recuou um pouco, mas está a 8 centímetros de entrar novamente no pavilhão”, lamentou o dirigente.
A inundação obrigou a equipa sénior de futebol a cancelar treinos, o mesmo acontecendo com as equipas da Escola Academia do Sporting, com quem o GDMR tem um protocolo. No pavilhão, os treinos de kempo e ju jistsu tiveram de ser transferidos para associação de Carvide “até voltar a haver condições”.
“A situação causou-nos vários contratempos e prejuízos. Mas ainda estamos a avaliar os estragos para decidir o que vamos fazer”, acrescentou Hélder Santos.
A situação não é inédita, contou o presidente da direção, e estará relacionada com o facto de “as bombas da Associação de Regantes não terem capacidade de bombear às águas que se encontram nas valas” que despejam no rio Lis.
“Dizem-nos que não têm capacidade para por mais bombas, mas as valas não têm capacidade de escoamento. Por isso, sempre que chove, esta situação é recorrente”, lamenta o presidente Hélder Santos.
Obras de reconversão da estação de bombagem devem arrancar em março
Henrique Damásio, administrador-delegado da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Lis (ARBVL), tem conhecimento da situação e explica que o “problema é do conhecimento de todos há muito tempo”.
“Toda a zona onde está o campo de futebol está mais baixa do que o leito do rio [Lis] e a água só sai dali se for bombada” a partir da estação elevatória de bombagem das Salgadas, explica.
A estação, construída no final dos anos de 1950, “está muito degradada” e “depois das cheias de 2013 e 2014, nunca mais voltou a funcionar da mesma maneira, as bombas ficaram muito degradadas”, justifica Henrique Dâmasio, indicando que é a ARBVL é quem suporta os custos de energia associados, mas a estação é propriedade do Estado, a quem compete realizar a obra.
A construção de uma nova estação está prevista há vários anos e as últimas informações indicam que deverá arrancar em março do próximo ano.
Ainda assim, informa o responsável, “as bombas estão ligadas permanentemente, mas não têm a capacidade que já tiveram”.
Nos últimos anos, a associação tem falado com o responsável do GDMR que está ao corrente da situação, mas lembra Henrique Damásio que a infraestrutura desportiva “está construída em zona agrícola e trata-se de uma instituição social”. “Há prejuízos ali como há para os muitos agricultores, que têm os seus terrenos ali e perderam o trabalho dos últimos meses. Há prejuízos em cerca de 400 dos 2.000 hectares desta região. São pequenos produtores que não vão conseguir tirar rendimento do trabalho que lá fizeram”, diz.
A juntar a tudo isto está o custo energético, que disparou nos últimos meses, e um custo inerente para o planeta, afirma Henrique Damâsio, ainda sem saber quem vai suportar a despesa da factura de energia e de que forma.