Maria Luís Roldão Brites Bustorff, mais conhecida como Maria Luís Brites, faleceu esta terça-feira, dia 28, aos 88 anos em Pombal, cidade onde residia.
Nasceu em junho de 1934, frequentou a escola das “meninas Ricardas”, o Externato Marquês de Pombal, o liceu Nacional D. João III e depois a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde tirou o curso de Filologia Germânica. Concluída a licenciatura e após um estágio, começou a trabalhar como professora no Liceu Carolina Michaelis do Porto, como tradutora de romances na Livraria Civilização, colaboradora e autora de obras didáticas para o ensino do Inglês e do Alemão, para a Porto Editora.
Maria Luís Brites foi professora durante mais de quatro anos. E além do ensino, destacou-se também na política: privou com Álvaro Cunhal, militou no PCP e foi a primeira mulher candidata pelo partido na região centro. Ajudou a fundar o Bloco de Esquerda e concorreu inclusive à presidência das Câmaras de Leiria e Pombal.
A ativista foi convidada a abandonar o PCP, dois anos depois de ter ingressado, por ser “polémica demais”, recorda o município de Pombal em nota de pesar partilhada no Facebook.
Pelo papel que desempenhou na política, foi a convidada do terceiro episódio do podcast do REGIÃO DE LEIRIA “Memórias da Revolução de Abril”, transmitido em abril.
Durante o seu percurso de vida, escreveu vários artigos de opinião para jornais como “Comércio do Porto”, “Jornal de Notícias” ou “Voz do Arunca”. Durante cerca de 30 anos, passou as férias de verão nos Açores, de onde era natural o falecido marido. Dinamizou conferências sobre Educação em centros culturais, e foi nomeada diretora da Escola Preparatória Dr. Leonardo Coimbra, no Porto.
O abril de 1974 obrigou-a a regressar ao ensino liceal e teve que partir para o Liceu Nacional de Famalicão (1974-75). No ano letivo seguinte estava no Liceu Nacional de Matosinhos, onde atingiu a idade da reforma.
A partir daí começou a preparar o seu regresso a Pombal. Participou na Rádio Clube de Pombal, num programa matinal aos domingos.
Foi uma defensora dos valores da Igualdade e Fraternidade anunciados pela revolução Francesa. E enquanto escritora publicou os seguintes Livros: “A Cigarra do mar” (poesia); “Um saco de Diabelha” (contos); “Um triângulo no litoral – a saga do vidro” (romance/saga)”; “Ali nunca acontecia nada”, (contos); “Pelos trilhos da droga” (contos); “A trilogia do concelho de Pombal reportada ao séc. XX”; Estudo semântico e holístico a partir de alcunhas de família e de localidade”; “O comandante da bruma” (romance); “Serafim único”, (romance); e “Avatares à Solta”, entre outros.
Em 2014, a Câmara Municipal de Pombal distinguiu-a pelo relevo dos seus serviços prestados à cultura, à história e ao conhecimento, atribuindo-lhe a Medalha de Mérito Cultural (grau prata).