Há um ano decidi ir ver a final da Taça da Liga pondo fim a um longo período de jejum em que me havia compelido a não entrar em palcos de futebol por não ver neste espelhados a virtude da verdade desportiva, do mérito e de outros valores que devem estar associados ao desporto.
Adquiri bilhete para a final da Taça da Liga de Janeiro de 2022, bancada central, no Museu do Sporting junto do amável e sempre prestável sr. Dinis.
Da bancada superior, onde a Liga alojou uma das claques do Sporting, choveram cuspidelas, (em plena pandemia de Covid) e até um cachecol em chamas. Quem queria assistir ao jogo, ou abandonou o local ou foi para casa vexado sob tanto escarro.
A Direcção da Liga, pejada de próceres da bola, sabiamente, colocou uma claque, que reiteradamente é notícia por comportamentos delinquentes, numa bancada com varanda sobre a bancada para onde muitos, como eu, tiveram o azar de encaminhados após comprar o bilhete mais caro.
Um ano volvido, nova final entre ‘grandes’, e a mesma direcção, de próceres dirigentes do futebol português, resolve anunciar que iria colocar à venda bilhetes para o jogo, no dia 27 de Janeiro, um dia antes do jogo.
O mesmo adepto que tinha jurado a si mesmo não tornar a ir a um estádio ver futebol organizado pela Liga, a instâncias do filho e remoído pela paixão pelo seu clube, resolve ir para a fila comprar dois bilhetes. Desde as 12h50 até às 20 horas, centenas de pessoas caminharam a passo de caracol sob um frio de quase zero graus, muitos deles sem agasalho próprio.
Os próceres dirigentes da Liga colocaram uma pessoa, uma pessoa!, a vender bilhetes na fila dos adeptos do Sporting e outra para os do FC Porto!… Tanto desnorte organizativo, próprio de quem está ‘de serviço a’ e não ‘ao serviço de’.
Presentearam-nos os próceres da Liga com um espectáculo pirotécnico que até acompanhava com uns estridentes silvos de very lights. Pouca memória a dos senhores próceres da Liga que não recordam o dia de má memória numa final da Taça de Portugal, no Jamor, corria o ano de 1996.
Pessoalmente, senti-me ofendido. Num tempo que se combate o uso de pirotecnia nos estádios e que está no prelo uma Lei que criminaliza com duras penas e sanções todo aquele que seja condenado por arremesso destes objectos em recintos desportivos, não deveria a Liga dar um exemplo de siso e prudência abstendo-se de presentear os espectadores do Magalhães Pessoa com um espectáculo cuja sonoridade avivou más recordações aos adeptos leoninos? Falta de sensibilidade, carência de bom-senso, má-fé ou pura incompetência,…
Mas, como se tal não bastasse, os próceres da Liga reiteraram ainda no mesmo erro do ano anterior. Colocaram as claques de ambos clubes na bancada com varanda sobre a bancada inferior e foi o que se viu: uma claque do Sporting a arremessar tochas sobre os adeptos do mesmo clube e em direcção ao banco do Sporting.
Desta vez tive sorte, pois estava afastado do local das incidências o suficiente, mas não me tornam a enganar.
Leão Rampante
Leiria
(Escrito com ortografia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990)