A segunda edição do Festival Entremuralhas leva ao Castelo de Leiria nos dias 29, 30 e 31 de Julho 11 bandas. Entre elas estão algumas de referência da música gótica, electrónica e industrial. Conheça-as uma a uma:
29 de Julho
Irfan (Bulgária)
Palco Alma, 21 horas
Os IRFAN são um colectivo búlgaro formado em Sófia em 2001. O seu nome, resgatado à terminologia Sufi – que em persa e árabe significa “gnosis”, “conhecimento místico” ou “revelação” – induz o seu próprio universo, baseado numa cultura de evocações ancestrais, repleto de referências sagradas e de elementos étnicos. A excepcional voz de Denitza Seraphimova, que nos lembra a de Lisa Gerrard (Dead Can Dance), formou-se nos coros das tradicionais Misteriosas Vozes Búlgaras. Aliás, ela é o elemento central de um grupo que funde com mestria influências da cultura balcânica, caucasiana, do médio oriente e do norte de África, com a herança da espiritualidade bizantina e da Europa medieval. A actuação no Palco Alma do Castelo de Leiria marca a estreia absoluta dos IRFAN no nosso país…
Sol Invictus (Inglaterra)
Palco Alma, 22h30
Os SOL INVICTUS formaram-se em 1987, três anos após Tony Wakeford ter deixado os Death In June – grupo que fundou com Douglas P. depois de ambos terem dados corpo, entre 1977 e 1980, à banda post-punk Crisis. Considerados como uma das referências mundiais da neofolk, os SOL INVICTUS são muitas vezes descritos por Wakeford como “uma banda de folk noir cabaret de fim de século surgida no inferno”. Os 22 álbuns editados até à data conferem à banda um repertório riquíssimo de canções de grande amplitude poética e filosófica, reflectindo o seu interesse, sobretudo, no Paganismo e no Mitraísmo. A consequência estético musical que daí resulta são canções de toada melancólica, de apelo romântico, tão belas quanto empolgantes. O quinteto que vai subir ao Palco Alma do Entremuralhas 2011 não deixará, por certo, créditos por mãos alheias…
Nitzer Ebb (Inglaterra)
Palco Corpo, 00h00
Formados em 1982, em Essex (Inglaterra), influenciados pelo espírito post-punk dos Killing Joke e dos Bauhaus, e das sequências tipicamente teutónicas dos primeiros tempos dos DAF, os NITZER EBB cedo se transformaram na maior referência mundial da EBM (Electronic Body Music) muito por “culpa” de hits como “Control I’m Here”, “Let Your Body Learn”, “Join In The Chant” ou, mais recentemente, “Kiss Kiss Bang Bang”. Amigos de longa data dos Depeche Mode (a editora Mute Records, o ilustre produtor Flood, ou as digressões – a última das quais em 2010 – foram algumas das coisas que partilharam) os NITZER EBB são hoje uma banda ícone, citada como influência de centenas de outros nomes que vão dos VNV Nation aos And One, de Tiga aos Fischerspooner. É, pois, esta banda histórica, cujos membros trazem na bagagem colaborações com Die Krupps, Smashing Pumpkins, Client, Warren Suicide ou Marilyn Manson, que se prepara para, finalmente, fazer a sua estreia absoluta em Portugal! Os NITZER EBB vão mostrar no Castelo de Leiria a sua música electrónica fortemente musculada num concerto que ficará, certamente, na memória de todos os que o presenciarem…
30 de Julho
Brainderstörm (Portugal)
Igreja da Pena, 19 horas
Os BRAINDERSTÖRM são um dos projectos mais originais e personalizados da cena musical leiriense e vão estrear-se ao vivo num concerto cuja envolvente é, só por si, um assombro: as ruínas da Igreja de Nossa Senhora da Pena, em pleno coração do Castelo de Leiria. Formado pelo músico, designer sonoro, e compositor João Nascimento (máquinas, vozes, guitarra) e pelo actor, performer, músico e compositor António Cova (voz e coisas inesperadas), o projecto BRAINDERSTÖRM atirou para dentro de um caldeirão ao lume a música dos Death In June, Black Tape For A Blue Girl, Dead Can Dance, Current 93 e Peter Murphy. No caldo que dessa orgia sonora resultou, juntaram especiarias e condimentos secretos oriundos de proveniências obscuras e mágicas. Por fim, e entre um ritual de preces indecifráveis, beberam o elixir daí resultante. A digestão fez-se à conta de regurgitações tão preciosas como “They Know What They Want”, “The Problem”, “Black Ribbon” ou “Your Grave Is My Landscape”… A Fade In reservou, pois, para vós, uma grande revelação…
Sieben (Inglaterra)
Palco Alma, 21 horas
SIEBEN é o projecto do britânico Matt Howden, o exímio violinista que constrói as suas canções através de um processo de composição por camadas. Para isso utiliza apenas o seu violino, quer como base de percussão, quer como utensílio privilegiado onde o músico mostra todo o seu virtuosismo e mestria. A captação de loops através de um pedal de efeitos, resulta nas bases onde Howden constrói canções de beleza excepcional, adornadas pela poesia e pela voz do próprio violinista. Matt Howden que, quer em nome próprio, quer como SIEBEN, tem mais de uma dúzia de discos editados, é também um músico ultra-requisitado, e as sua colaborações estendem-se a nomes como Sol Invictus, Raindogs, L’Ame Immortelle, Emilie Autumn, Spiritual Front, Walkabouts, Larsen, Of The Wand And The Moon ou Faith And The Muse. O projecto SIEBEN regressa assim a Leiria depois de em 2004 ter encantado a audiência em mais um dos memoráveis episódios no Festival Fade In.
Rosa Crvx (França)
Palco Alma, 22h30
Os franceses ROSA CRVX são uma das bandas mais aguardadas em Portugal há anos e fazem a sua estreia no nosso país precisamente num dos sítios mais dignos para os receber: o Castelo de Leiria! Fundados em Rouen, antiga capital francesa, em 1986 por Olivier Tarabot, os ROSA CRVX são conhecidos pela espectacularidade das suas prestações ao vivo, que incluem a B.A.M. (sistema de percussão robótica/mecânica accionado através de um sistema electromagnético) um carrilhão de oito sinos, e a já famosa performance “La Danse De La Terre” com dançarinos nus untados com lama. Mas não é só a peculiaridade da sua prestação ao vivo que confere aos ROSA CRVX um legado único e personalizado. A sua música, maioritariamente de toada lúgubre e cantada em latim, não encontra paralelo em nenhuma outra banda na terra. Motivos mais que suficientes para que não se possa perder a sua vinda a Portugal por nada!
Suicide Commando (Bélgica)
Palco Corpo, 00h00
Os SUICIDE COMMANDO são o projecto liderado por Johan Van Roy, fundado na Bélgica, em 1986. Uma dezena de álbuns tão bombásticos como “Critical Stage”, “Mindstrip”, “Axis Of Evil”, “Bind Torture Kill” ou o mais recente “Implements Of Hell”, conferem aos SUICIDE COMMANDO o título de uma das mais importantes bandas electro-industriais da última década, tornando-se numa referência estética para um incontável número de jovens projectos oriundos de todo o mundo. As temáticas líricas dos SUICIDE COMMANDO são controversas e por vezes susceptíveis e, a sua música, se não fosse repleta de vozes distorcidas, de sequências electrónicas abrasivas, e de batidas sincopadas fortes e avassaladoras, não estaria em conformidade. Música para se dançar como se não houvesse amanhã! Mais uma estreia absoluta em Portugal.
31 de Julho
Narsilion (Espanha)
Igreja da Pena, 19 horas
Sathorys Elenorth e Lady Nott são o núcleo dos catalães NARSILION. Estes multifacetados músicos são tão prolíferos que conseguem desdobrar-se em nuances estéticas explorando diferentes realidades artísticas noutros projectos seus, como Lugburz, Ordo Funebris ou Der Blaue Reiter. Em NARSILION os músicos dedicam-se à exploração de uma sonoridade neo-clássica de toada ambiental, pontificada por elementos característicos da música medieval e darkwave. O grupo, que se formou em 2000, conta com 8 edições discográficas, e depois de em Junho se apresentar no grande certame de Leipzig, estreia-se, por fim, em Julho, em Portugal.
Trobar de Morte (Espanha)
Palco Alma, 21 horas
Os TROBAR DE MORTE são uma banda oriunda de Barcelona formada em 1999 que conta com quatro discos editados. O seu universo fantasioso, povoado por histórias de batalhas ancestrais, fadas, gnomos, elfos e dragões, são de uma evocação fílmica capaz de nos submeter para um mundo mitológico e medieval. As suas composições, fortemente orquestradas e épicas, conduzidas pela voz de Lady Morte, fazem dos TROBAR DE MORTE um colectivo que se alimenta das mesmas fontes de nomes como os Qntal, Enya, Lisa Gerrard ou Loreena McKennitt. Não há melhor local do que um castelo em cima de uma colina íngreme para os TROBAR DE MORTE nos fazerem embarcar nas suas fábulas de encantar.
Arcana (Suécia)
Palco Alma, 22h30
Os suecos ARCANA formaram-se em 1993 e foram um dos nomes mais sonantes e reputados da editora de culto Cold Meat Industry. Peter Bjärgö, o fundador, arquitectou uma sonoridade precursora na fusão da electrónica de ambiência industrial, instrumentos de cordas e sopros, e vocalizações líricas. O resultado trazia um sabor neo-romântico e ligeiramente medieval. Hoje, 18 anos e 11 edições depois, os ARCANA são uma das bandas mais reputadas da cena neo-clássica e darkwave mundial, tão especiais e selectivos que anunciam no ENTREMURALHAS a sua única prestação ao vivo planeada para este ano! Mais uma estreia em Portugal.
Diary of Dreams (Alemanha)
Palco Corpo, 00h00
Os germânicos DIARY OF DREAMS são um caso de potencial paixão à primeira audição. A sua sonoridade fortemente personalizada, devido, sobretudo, à voz característica do seu fundador e mentor Adrian Hates, e às sequencias electrónicas melódicas e incisivas que nos tingem de rompante a alma, confere-lhes um território onde, indiscutivelmente, são líderes. A sua já vasta carreira, iniciada em 1994, produziu até agora 12 álbuns dos quais saíram temas que fizeram e continuam a fazer as delícias das pistas de dança mais esclarecidas do universo. No Castelo de Leiria (cidade que já os viu ao vivo no Festival fade In 2005) a banda, que também conta nas suas fileiras com Torben Wendt (mentor dos Diorama), não vai certamente perder a oportunidade para fazer desfilar alguns dos seus inúmeros hits, como “Butterfly Dance”, “The Curse”, “Amok”, “Chemicals”, “She”, “The Wedding” ou “King Of Nowhere”. Um concerto que fechará o Entremuralhas 2011 com chave de ouro.
(textos: www.fadeinfestival.com)