Na minha opinião, devemos sempre optar pelo sonho, mas este sonho não deve ser confundido com dinheiro. Nos últimos anos temos assistido a uma degradação do valor do trabalho. O trabalho foi um dos alicerces das sociedades ocidentais pós-revolução industrial, mas como facilmente podemos comprovar nas notícias que nos vão chegando e não apenas em Portugal, esta degradação é territorialmente bem mais abrangente e atinge Todos os sectores profissionais.
Por outro lado, o descoordenado avanço da Inteligência Artificial vai certamente acarretar circunstâncias que não vão contribuir para uma alteração destes acontecimentos. Neste sentido, proponho o sonho, não apenas o sonho lírico e delirante, mas a vida de sonho de quem todos os dias acorda para fazer aquilo que verdadeiramente gosta. E, este profissional, seja padeiro, canalizador, professor, médico, cientista, vai ter uma vida profissional difícil, mas ela vai ser, sem dúvida, mais competente e satisfatória e até mesmo mais feliz.
Nem todos nascemos a saber o que queremos ser profissionalmente. Ou seja, qual é a nossa vocação. Nem temos de ter apenas uma profissão ao longo da nossa vida. Isso significa que temos tempo para nos irmos conhecendo e descobrindo as nossas áreas de interesse, os temas que nos apaixonam e que tipo de atividades temos mais aptidão para realizar.
A melhor forma para o fazer é termos o mais vasto e rico leque de experiências possíveis. Seja estágios, cursos, viagens, projetos de voluntariado, cursos de línguas, livros, filmes: em todos estes recursos e experiências nos valorizamos e nos conhecemos um pouco melhor.
O mais importante é que as escolhas que fizermos sejam acompanhadas de muito trabalho, muito estudo e preparação, resiliência e coragem para o exercício da nossa opção, mas também para mudar quando necessário for. Considero, contudo, que o elemento que faz sempre a diferença é sermos apaixonados por aquilo que fazemos.
Sabes que nome se dá à morte de um tipo com 102 anos? Chama-se morrer cedo. Que é, de resto, aquilo que te vai acontecer, se tiveres mesmo muita sorte na vida e sido inteligente o suficiente para teres poupado no sal, no açúcar e no pessimismo. Os livros de História têm pouquíssimos nomes de pessoas, no meio dos biliões de nomes e pessoas que existiram na terra.
Não te podes dar ao luxo de preparar um percurso de vida pensando nas notas que vais ter ou no dinheiro que vais ganhar. Resta-te apenas o melhor: procura aquela ocupação onde faças o que adoras e alguém te paga para isso. Lá fora, o mundo não anda à procura de notas. Procura gente que adora trabalhar, produzir em equipa, imaginar, crescer e aprender. Por isso põe as mãos e a inteligência à obra. Lê livros, ri muito com os teus amigos, pratica desporto, faz voluntariado, vai conhecer o mundo e aprende línguas. Mas sobretudo exercita a tua curiosidade, esse músculo. Não atrofies. Viver é sempre e apenas uma coisa: aprender. Vá: procura.
O autoconhecimento é importantíssimo numa etapa de definição de percurso. Há quem identifique com clareza o caminho que pretende seguir e neste caso o meu conselho é simples, lutar pelos objetivos com foco e determinação. Mas este não é o cenário mais comum. A procura de ajuda especializada é, sem dúvida, uma mais-valia na definição de uma estratégia. Nestas situações, optar por um percurso académico mais abrangente parece-me ser o ideal. Depois a importância de estagiar em empresas é fundamental para depreender a realidade existente de cada sector e de confirmar se a prática condiz com a ambição de vida.
O percurso profissional não é uma linha reta e muitas vezes para chegarmos ao nosso lugar feliz há muitas curvas pelo caminho. O reforço académico e complementar que os mestrados e especializações proporcionam são fundamentais para a consolidação de experiência com conhecimento ao longo de toda a vida. É perfeitamente possível conjugar licenciaturas e mestrados em áreas diferentes, pelo que acertos formativos são uma solução para não dizer uma necessidade. Contudo a literacia digital e o domínio de vários idiomas são imprescindíveis para ambicionarmos o que seja.
O primeiro conselho deve ser sempre, o que te vês a fazer e a ser feliz. Parece lírico, mas não é, pois é importante encaminharmos a nossa formação no sentido do que verdadeiramente gostamos e não apenas pela visão que possamos ter da disponibilidade de trabalho. Muitos estudos apontam para que em 2030 existam cerca de 85% de profissões que atualmente nem existem ou se conhecem, ou seja, o importante é estarmos preparados a nível académico e formativo, mas não fechados mentalmente quanto ao que queremos fazer para o resto da vida.
Mais que nunca, é importante formarmo-nos e seguirmos o percurso académico com que mais nos identificamos, sempre com visão de que lá à frente podemos ajustar-nos. A formação profissional e até académica deve ser contínua. Sou disso exemplo: apesar de ter 43 anos, frequento o segundo ano da licenciatura em Gestão de Organizações Desportivas, com a visão de que a médio prazo poderei ter de me adaptar ao mercado de trabalho do futuro.
Desta forma, faço duas coisas em que acredito: formação e seguir uma paixão, sempre com “open mind” para o futuro. Em resumo, tenham uma mente aberta, valorizem a paixão e o gosto, não acreditem que a formação se fecha no terminar do percurso académico. Não existem teorias certas, nem momentos certos, nem profissões certas, existem sim oportunidades que nos vão surgir e quanto mais preparados estivermos, maior será a possibilidade dessa oportunidade ser nossa.
Não tenham medo ou até mesmo pensem demasiado, tentem seguir o que acham que é certo e que gostam no momento. Se o que escolheram ou pensavam que era certo acabe por não ser, podem sempre seguir outro caminho. Sempre que estão numa decisão difícil em que parece que a decisão pode mudar a vossa vida, a maioria das vezes basta responderem a duas perguntas, “O que é o pior que pode acontecer?”, quando tiverem a resposta a essa pergunta seguem com “Consigo lidar com isso?”.
Se a resposta é sim, não fiquem presos, arrisquem. Mais uma vez, podem sempre seguir outro caminho se o que pensavam que era certo, afinal não é. As pessoas mudam com o tempo, às vezes de um dia para o outro, por isso não podem esperar tomar sempre a decisão certa no vosso percurso profissional à primeira. Tenham sempre algum espaço para cometer erros, mas tenham a iniciativa de os corrigir, aprenderem com eles e, se nada mais resultar, não ter medo de começar outra vez do zero.
O caminho académico e profissional é uma jornada pessoal única, e cada pessoa deve encontrar o seu próprio rumo. Certamente existem dois pontos fundamentais que se explicam por si só: explorar as vossas áreas de interesse e a aprender com cada experiência. Acho essencial focar metas claras e realistas, mas nunca ter medo de apontar alto. Mesmo que no início possa ser difícil e às vezes desencorajador arranjar um bom emprego é necessário procurar mentores e criar uma rede de contactos (mesmo que seja no Linkedin).
Desenvolver a autonomia na aprendizagem bem como a continuidade deste processo são essenciais para o sucesso de qualquer etapa. Isso envolve adquirir habilidades que permitam aprender de forma independente e buscar conhecimento por conta própria, aproveitando recursos como cursos online, livros, podcasts e entre outros. Concluindo, não ter medo de arriscar é essencial no percurso académico e profissional. Ao abraçar o desconhecido e estar disposto a experimentar novos caminhos, é possível descobrir oportunidades e expandir horizontes.
O primeiro é fazer ou estudar o que nos fascina, nos faz sentir úteis e trabalhar numa área que esteja alinhada com os nossos ideais e valores. Este conselho já nos era dado por Confúcio: ‘Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.’
O segundo é desenvolver competências únicas e soft skills. Quando entramos na universidade ou no mercado de trabalho há milhares de pessoas com o mesmo conhecimento e capacidades que nós. Para nos destacarmos temos de adquirir o máximo de competências comportamentais e emocionais como o espírito de equipa, liderança e resiliência.
O terceiro ingrediente é não ter medo de errar e ter a flexibilidade para nos reinventarmos. O mundo e nós estamos em constante mudança, por isso manter o mesmo emprego até ao final da carreira é cada vez mais raro. A capacidade de nos adaptarmos é fundamental para conquistar os nossos objetivos.
A sociedade de hoje é uma sociedade mais exigente e com expectativas maiores face à sociedade do passado. Exigência essa, que obriga os jovens de hoje a preparam-se seriamente para o percurso académico e mais tarde para o mercado de trabalho. Exemplo disso, é a procura por parte das empresas de colaboradores qualificados que possam fazer a diferença, pois cada vez mais, o “inovar hoje para crescer amanhã”, faz todo o sentido, numa sociedade como a nossa.
E, sem dúvida alguma, as universidades hoje têm um papel preponderante na formação e qualificação dos jovens, e excedem a simples tarefa de formar jovens para o mercado de trabalho, mas igualmente a tarefa de lhes atribuir um sentido crítico, competitivo. Assim, o conselho que posso transmitir, é que não tenham receio em apostar na qualificação e realização pessoal, sair da zona de conforto, procurando novas oportunidades que surjam de forma a sentirem-se realizados com a função que venham a desempenhar no mercado de trabalho.