Três ourivesarias das Caldas da Rainha contrataram um criador de graffiti para decorar as portadas de metal dos estabelecimentos, uma moda que já contribuiu para diminuir o vandalismo e que pode ser replicada no campo de futebol local.
A iniciativa partiu de Helena Bica Brito, sócia-gerente da ourivesaria Bica de Brito que, inspirada na intervenção feita pelo “writer” (nome pelo qual são conhecidos os criadores de graffiti) Marco “Cary” Almeida numa loja de artigos de surf, resolveu contratá-lo.
“As portas eram constantemente vandalizadas com graffiti e pensei que se era para estarem pintadas, então mais valia que fosse com algo que embelezasse o estabelecimento”, contou à Lusa.
A obra de Marco Almeida, que reproduziu nas portas metálicas o logótipo da loja, deixou Helena Bica “de tal forma satisfeita” que propôs logo ao irmão que fizesse o mesmo.
Carlos Bica aceitou a sugestão, contratando o “writer” para pintar nas três portas metálicas da ourivesaria Bica não apenas o logótipo mas também “uma imagem moderna, ligada ao tipo de atividade” desenvolvida.
O sucesso do produto final suscitou o interesse de Álvaro Carvalho, proprietário da ourivesaria Carvalho, que solicitou ao autor um projecto relacionado com ourivesaria e com as Caldas.
“O produto final foi excelente e não podíamos ter ficado mais satisfeitos”, sublinhou o empresário, que viu substituídos “os riscos” das portas por “uma obra de arte, com máquinas de relógios em fundo e a imagem dos Pavilhões do Parque e da Rainha D. Leonor”.
Os três empresários asseguraram à Lusa que além da mais valia para a estética dos estabelecimentos, a intervenção teve como vantagem o facto de as portas nunca mais terem sido vandalizadas por outros “writers”.
“Há um código de conduta entre nós e por princípio um “writer” não estraga o trabalho de outro”, explica Marco Almeida, autor dos graffiti assinados, datados e, até agora, respeitados.
Estudante de Design Gráfico na Escola Superior de Arte e Design (ESAD) das Caldas da Rainha, Marco Almeida fez do engenho arte quando lhe foi retirada a bolsa que lhe proporcionava frequentar o curso.
“Fiquei sem dinheiro e sem emprego e pensei propor este serviço a estabelecimentos comerciais e a particulares para poder subsistir”, disse à Lusa.
Natural de Lisboa, o “writer” voltou entretanto às origens, mas nas Caldas ficaram propostas de intervenção em bares, restaurantes e em duas casas particulares onde a pintura dos quartos vai ser feita com tintas de spray.
Marco aguarda ainda a resposta a um projecto que “está apenas à espera de patrocínios para avançar” e que será uma das maiores intervenções previstas na cidade: a pintura dos muros do campo do Caldas Sport Clube.
LUSA