Um novo movimento cívico criado nas Caldas da Rainha vai realizar uma marcha lenta entre este concelho e o de Óbidos, em protesto contra a decisão de construir o novo hospital do Oeste no Bombarral.
O movimento foi apresentado na terça-feira à noite, numa Assembleia Municipal (AM) extraordinária agendada para discutir a decisão do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, de localizar no Bombarral (no distrito de Leiria) o futuro hospital do Oeste.
O novo hospital do Oeste (NHO) substituirá o atual Centro Hospitalar do Oeste (CHO), que integra os hospitais das Caldas da Rainha e de Peniche, no distrito de Leiria, e de Torres Vedras, no distrito de Lisboa.
Denominado “Falo pela tua saúde”, o movimento anunciou para dia 20 a realização de uma marcha lenta entre as Caldas da Rainha e Óbidos, enquanto decorrerá na Assembleia da República, em Lisboa, o debate do Estado da Nação.
Na sessão da Assembleia, o autarca irá reunir-se com o ministro da Saúde e já pediu audiências ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao primeiro-ministro, António Costa.
Na AM extraordinária, que contou com a presença de cerca de 500 pessoas, o grupo lançou um manifesto em que propõe, caso não seja revertida a decisão do ministro, “a cisão do CHO e a criação de uma Unidade Local de Saúde Oeste Norte, integrando os hospitais das Caldas da Rainha e de Peniche, os Centros de Saúde do Agrupamento Oeste Norte e, eventualmente, freguesias de Alcobaça (no distrito de Leiria) e de Rio Maior (no distrito de Santarém).
O manifesto exige que na unidade das Caldas da Rainha sejam garantidas 15 especialidades médicas, a criação de uma farmácia e a manutenção de uma Urgência Médico-Cirúrgica. Para o hospital de Peniche defende a continuação de uma urgência básica e a requalificação da unidade para internamento em psiquiatria e cuidados continuados.
O grupo de cidadãos, que tem como porta-voz o funcionário hospitalar Jorge Reis, propõe ainda que a autarquia das Caldas da Rainha crie condições para atrair profissionais de saúde, através da implementação de medidas como “a isenção de IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis], das taxas das taxas de água e saneamento”.
No manifesto é também defendido que seja diligenciado junto do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) a possibilidade de serem ministrados cursos da área da Saúde nas Caldas da Rainha.
Além desta, outras ações de protesto foram sugeridas pelo público e pelos partidos com assento na Assembleia Municipal.
As sugestões vão agora ser analisadas pela Câmara Municipal que, no sábado, iniciou uma jornada “de luta e de luto” pela perda do hospital local.
Na reunião da Assembleia Municipal, o presidente da câmara, Vítor Marques, afirmou que o município admite “contratar assistência jurídica para interpor uma providência cautelar ou outras ações legais” contra a decisão que diz contrariar o Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT), que determina que um hospital de grande dimensão tenha que ser construído em grandes centros urbanos como as Caldas da Rainha ou Torres Vedras.
Na terça-feira, o autarca irá reunir-se com o ministro da Saúde e já pediu audiências ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao primeiro-ministro, António Costa.
Em novembro, a Comunidade Intermunicipal do Oeste entregou um estudo encomendado à Universidade Nova de Lisboa para ajudar o Governo a decidir a localização do novo hospital, documento que apontava o Bombarral como a localização ideal.
Posteriormente, em março, as câmaras das Caldas da Rainha e de Óbidos entregaram ao ministro um parecer técnico a contestar os critérios utilizados no estudo, a defender que fossem tidos em conta outros critérios e que a localização do novo hospital deveria ser na confluência daqueles dois concelhos.
Em junho, o ministro anunciou que o NHO será construído na Quinta do Falcão, no Bombarral, substituindo os três hospitais do CHO.
Estas unidades têm uma área de influência constituída por estes concelhos e os de Óbidos, Bombarral (ambos no distrito de Leiria), Cadaval e Lourinhã (no distrito de Lisboa) e de parte dos concelhos de Alcobaça (Leiria) e de Mafra (Lisboa), abrangendo 298.390 habitantes.