O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Hotelaria, alertou hoje para o incumprimento dos direitos dos trabalhadores do Hotel Marriott da Praia D’El Rey, relativamente ao gozo de férias e ao pagamento de horas extraordinárias aos imigrantes.
A preocupação do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro foi expressa no final de um plenário com os trabalhadores da unidade hoteleira do concelho de Óbidos, para verificar se estão a ser cumpridos todos os seus direitos”, disse à agência Lusa o sindicalista António Baião.
De entre a situações relatadas pelos funcionários, o sindicato destacou “dúvidas em relação a muitos trabalhadores estrangeiros, sobretudo brasileiros e asiáticos”, a desempenhar funções no hotel e no resort, sem que haja “formação nem adaptação à cultura do país”, seja ao nível da “língua ou das funções”.
António Baião afirmou não ter “conseguido apurar se recebem o mesmo que os trabalhadores nacionais” ou, dado tratar-se de funcionários que “fazem horários longos, se lhe são pagas as horas extraordinárias”.
“Desconfiamos que não, que não lhe seja pago trabalho extraordinário, nem conseguimos perceber como é feito o pagamento do aluguer, que a própria unidade hoteleira faz de casas para estes trabalhadores”, disse o sindicalista, acrescentando ter conseguido confirmar que “vivem 20 ou 30 na mesma casa”.
Ainda sobre trabalhadores “nepaleses e indianos existe a suspeita de que estejam a ser subcontratados”, situação que o sindicato “vai investigar e denunciar se não estiverem a ser cumpridos os direitos”, acrescentou.
O aumento de trabalhadores estrangeiros “sem as qualificações necessárias está a fazer com que a qualidade do serviço diminua”, afirmou o sindicalista, expressando a preocupação dos funcionários “mais antigos, de que tal esteja a contribuir “para a diminuição da procura” no hotel que “neste momento está em 60% ou 70% de ocupação”.
No que respeita aos trabalhadores nacionais o sindicato denunciou, no final da reunião que a empresa se encontra em incumprimento relativamente a uma atualização salarial.
Segundo António Baião o sindicato pediu, há três anos, a intervenção da Autoridade para as condições do Trabalho (ACT) por a empresa “pagar 90 euros abaixo da tabela”. A situação foi, entretanto, “regularizada, mas apenas com retroativos a janeiro [deste ano]”, ficando por “regularizar os retroativos de 2022 e 2021”.
No encontro realizado hoje António Baião incentivou ainda os trabalhadores “a exigirem a marcação de 15 dias de férias de acordo com a sua necessidade” considerando ilegal a proibição, por parte da empresa, “de tirarem um período de férias durante os meses de verão” fazendo que aqueles que “têm filhos em idade escolar, não consigam fazer férias com os filhos”.
Contactada pela agência Lusa, a administração do Praia D’El Rey Marriott Golf & Beach Resort refutou as acusações do sindicato, assegurando cumprir os direitos dos funcionários e remetendo para esta quinta-feira esclarecimentos sobre a situação laboral dos 247 trabalhadores.