A administração do resort da Praia D’El Rey, em Óbidos, negou hoje as acusações do Sindicato da Hotelaria quanto ao incumprimento de direitos laborais e esclareceu que todos os imigrantes tem contrato, formação e ajuda à integração na comunidade.
“Os trabalhadores estrangeiros têm exatamente o mesmo tipo de contrato, não existe qualquer subcontrato, o mesmo salário, a mesma carga horária que os demais, não existe qualquer distinção entre nacionalidades, credo, raça ou género”, esclareceu hoje a administração do Praia D’El Rey Marriott Golf & Beach Resort, num ‘email’ enviado à agência Lusa.
A empresa reagia às acusações do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro, que na quarta-feira denunciou a existência de trabalhadores estrangeiros a desempenhar funções no resort e no Hotel Marriott, sem receberem formação e manifestou dúvidas de que estes pudessem ser subcontratados e não lhes fossem pagas horas extraordinárias.
Contactada pela Lusa, a empresa remeteu para hoje explicações sobre a situação dos 247 trabalhadores, dos quais 176 portugueses e os restantes de 11 nacionalidades, com destaque para nepalenses (33) e brasileiros (26).
A empresa garante pagar “a todos os trabalhadores” as “folgas trabalhadas e os feriados, sem exceção”, e dar todos os anos “formação ‘onboarding’ e ‘welcome’, as obrigatórias de higiene e segurança no trabalho, primeiros socorros, higiene e segurança alimentar e formações técnicas”, relativos aos serviços de quartos e sistemas operativos, entre outras.
O resort promove ainda aulas de português e ajuda “no processo de integração na comunidade”, além de organizar “dias temáticos das 12 nacionalidades (…), trazendo para o espaço colaborador a sua gastronomia, bandeira e costumes”.
Face às criticas do sindicato sobre o alojamento fornecido pelo resort aos trabalhadores, em casas onde alegadamente viveriam 20 ou 30 estrangeiros, o empreendimento esclareceu que cede gratuitamente alojamento “recentemente remodelado, dando todas as condições necessárias de conforto, com sala de convívio, televisão, internet, sofás, espaço exterior”.
O alojamento, que acolhe também trabalhadores portugueses, “foi licenciado pela Câmara de Óbidos, no ano passado, estando equipado com número de ‘ecos’ previstos na lei e com o dimensionamento de camas adequado ao conforto e espaço necessário”, pode ler-se na resposta enviada à Lusa.
A empresa que, segundo o sindicato, está em falta com o pagamento de retroativos de uma atualização salarial de 90 euros, referente aos anos de 2021 e 2022, determinada pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), afirmou não ter conhecimento de qualquer irregularidade.
“É totalmente falso o que é levantado pelo sindicato”, refutou a administração, adiantando que a empresa pratica um salário de entrada 25% acima do salário mínimo, um subsídio de assiduidade de 100 euros e uma política de recursos humanos “competitiva” em que todos os colaboradores “têm seguro de saúde, bónus de mérito no final do ano e investimento em formação e um programa saúde e bem-estar que tem por objetivo dar resposta à saúde mental, com psicoterapia, workshops de temáticos”.
Acusada pelo sindicato de proibir o gozo de férias durante os meses de verão, a empresa nega, admitindo que pede “contenção” entre julho e setembro, por serem meses “com forte atividade” no resort, que encerra em dezembro para descanso dos colaboradores.
No entanto, “todos os pedidos são apreciados” e, quando são pedidas férias nestes meses, “por terem de ir ao país de origem ou por precisarem de estar com os filhos, a empresa nunca proibiu e sempre teve a capacidade de compreender estas situações”, conclui o Praia D’El Rey Marriott Golf & Beach Resort.