Afinal o “milagre” da adolescente espanhola aconteceu na igreja de Évora de Alcobaça

A adolescente espanhola que afirma ter recuperado a visão enquanto participava numa missa estava, afinal, na Igreja Paroquial de São Tiago de Évora de Alcobaça, localidade onde ficou alojada no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). A Conferência Episcopal Espanhola acompanha a situação, que a peregrina considera “um milagre”.

“Eu também só descobri ontem [segunda-feira, dia 7]. Mandaram-me a notícia, mas na altura eu pensei: tudo bem, foi uma graça que uma pessoa teve em Fátima. Só depois percebi que tinha sido em Évora de Alcobaça”, confirmou ao REGIÃO DE LEIRIA o pároco Ivo Manuel Santos.

“No sábado [dia 5], fizemos a despedida do grupo [que ia para a JMJ em Lisboa], pelas 10h00, e depois as jovens tiveram missa com o sacerdote que as acompanhava. Havia voluntários cá fora, porque a igreja estava a abarrotar. De repente, começam a ver raparigas a sair a chorar, numa grande algazarra. Foi então que contaram a história”, adianta o pároco, de 38 anos.

A adolescente afirma que “depois de comungar sentiu uma mão e recuperou a visão. E de seguida foi ler a oração própria da novena. E depois foi um grande alvoroço. Os voluntários ficaram muito emocionados, muito comovidos”, conta o pároco, que estava ausente e soube do sucedido pela responsável do grupo de peregrinos de Évora de Alcobaça.

Na perspetiva do sacerdote, “é algo que parece muito autêntico, não parece haver qualquer deturpação, nem perversidade ou tentativa de engano. Foi uma graça particular para ela e para este grupo e, nesse sentido, foi um milagre”.

“Havia uma grande autenticidade nas jovens, que estavam a viver a JMJ com muita espiritualidade, muita intimidade, mas também com muita alegria”, adianta o responsável pela paróquia, que recebeu 600 raparigas espanholas, nomeadamente de Pamplona (300, uma das quais a adolescente que afirma ter sido curada) e de Madrid.

“Abri os olhos e via perfeitamente”, conta num depoimento na Internet Jimena, de 16 anos, que “recuperou a visão milagrosamente” depois de comungar durante a Eucaristia que, ao contrário do inicialmente noticiado pela Comunicação Social de diferentes países, não decorreu no Santuário de Fátima.

A jovem participou na JMJ integrada num dos grupos organizados pela Opus Dei. Nos dias anteriores [desde 28 de julho], familiares, amigos e conhecidos, organizaram uma novena a Nossa Senhora das Neves, cujo dia se assinala precisamente a 5 de agosto, data em que “recuperou a visão”.

Durante mais de uma semana, os seus companheiros – o grupo ficou alojado em Évora de Alcobaça -, oraram a Nossa Senhora das Neves e foram à missa todos os dias, rezando o Terço, pedindo que a jovem peregrina fosse curada.

No penúltimo dia da JMJ, Jimena recebeu uma “prenda de Nossa Senhora”. “Eu tinha ido com as minhas amigas à missa e depois de comungar chorei muito, porque era o último dia da novena e queria curar-me e pedi muitíssimo a Deus”, contou.

“Quando abri os olhos já via perfeitamente [eram 12 horas em Portugal]. Foi demais. Tenho que dar muitíssimas graças a Deus pelo milagre, porque vi o altar e o sacrário. Estava com as minhas amigas e via perfeitamente que estavam dois anos e meio mais crescidas do que as recordava, e mais tarde, assim que me vi ao espelho, reparei que também estou um pouco mudada”, adianta na mensagem divulgada na Internet.

O presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), cardeal Juan José Omella, falou por vidoechamada com a jovem: “Demos graças a Deus, mas agora os médicos terão de garantir se poderia ou não ser curada. Para a rapariga foi um evento extraordinário, digamos um milagre. Não lhe daria nem mais, nem menos importância, é um facto bonito”, disse em Lisboa, durante o balanço da presença espanhola na JMJ, segundo o jornal ABC.

O cardeal foi contactado por “uma religiosa que conhece a família da adolescente”. “Eu disse, parece-me fenomenal que tenha havido um milagre, deram-me o número de telefone e liguei à rapariga: olá, conta-me o que aconteceu”, descreveu.

“A rapariga estava emocionadíssima, há muito tempo que tinha ficado cega e apreendeu Braille. Ela tinha que ler a oração de graças na missa do seu grupo e depois de comungar pôde lê-la sem qualquer problema”, contou Juan José Omella.

Há dois anos e meio, a adolescente começou a perder a visão, devido a um problema de miopia, acabando por ficar apenas com 5% de capacidade visual. Os seus pais consultaram médicos de Madrid, Barcelona e Pamplona.

Chegaram à conclusão de que existem “poucos casos desta doença – espasmo de acomodação, que lhe causou quase 14 dioptrias -, sem uma aparente causa lógica e sem a doente apresentar qualquer outro problema de saúde”.

O tempo passou, sem que Jimena apresentasse qualquer melhoria.

Uma solução da Ciência, aos olhos dos pais e da sua filha, de outros familiares e de amigos, já não parecia viável, pelo que procuraram uma resposta na fé. Agora é preciso que a Ciência explique o sucedido. Se não o conseguir fazer, explicará a Igreja.