Muitos emigrantes estão a chegar esta manhã ao Santuário de Fátima, numa romaria anual que coincide com os dias da peregrinação de 12 e 13 de agosto à Cova da Iria.
Aproveitando as poucas sombras possíveis no recinto do santuário, homens e mulheres que aproveitam as férias anuais para passar por Fátima contam à agência Lusa que, além de agradecerem o ano que passou, procuram, em grande medida, “conforto”.
Emigrante no Luxemburgo, António Matos, natural do distrito de Braga, todos os anos se desloca a Fátima nas férias. “Vir de férias a Portugal e não vir a Fátima, não pode ser”, confessa, enquanto a mulher, Paula Soares, de olhos cheios de lágrimas, corrobora: “se não viermos, não ficamos bem”.
Embora não fiquem para as cerimónias desta noite e de domingo, o casal, com uma filha menor, vai estar no santuário até à tarde, “pagando promessas”, regressando depois ao norte do país.
Também Maria de Fátima Azevedo de Felgueiras, e radicada em Paris, não esconde que “todos os anos em agosto, desde há 22 anos”, tem de visitar a Cova da Iria.
À saída da basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, a emigrante explica que ali vai, essencialmente, “agradecer a Nossa Senhora o ano, seja bom, seja ruim”.
Preparada para passar o dia de sábado no santuário, mas com regresso a Felgueiras previsto para o fim do dia, Fátima Azevedo passa a palavra a uma familiar, Glória, que não é emigrante e assegura que, neste dia de sábado, aproveita para “ir à missa, pagar promessas, pôr umas velinhas à santinha e dar uma esmolinha ao santuário, que precisa para estas obras todas”.
“Gosto da leveza que este lugar tem. Este lugar é santo. Sinto-me bem aqui. Sinto a presença de Deus”, acrescenta Glória Azevedo.
Preparados para deixarem o santuário a meio da tarde, estão José Costa e Flora Vieira, de Amarante, mas emigrantes na Suíça.
José, “há quarenta e tal anos” que vai a Fátima anualmente: “pelo passeio e para pedir pela família e pelo mundo”.
Comum às diferentes pessoas ouvidas pela Lusa, está o facto de não terem colocado a hipótese de anteciparem a visita ao santuário para o fim de semana passado, dia em que o Papa Francisco rezou na Capelinha das Aparições. “Era muita gente e muita confusão”. O mesmo argumento para não ficarem para a noite de hoje e manhã de domingo.
A Peregrinação do Migrante e do Refugiado, presidida pelo arcebispo de Luanda, Filomeno Dias Vieira, tem como tema “Livres de escolher se migrar ou ficar” e está integrada na 51.ª Semana das Migrações, promovida pela Obra Católica Portuguesa para as Migrações, organismo da Comissão Episcopal da Pastoral Social e das Mobilidade Humana (CEPSMH).
Numa mensagem para esta semana, a Comissão Episcopal sublinha que as migrações são um “fenómeno incontornável”, que pode “servir de instrumento para uma maior justiça social”.
A peregrinação de hoje e domingo, considerada uma das maiores do ano à Cova da Iria, conta tradicionalmente com muitos emigrantes portugueses que se encontram no país em gozo de férias, bem como com um crescente número de imigrantes radicados em Portugal.
A peregrinação segue o programa habitual, com a recitação do terço, na Capelinha das Aparições, a partir das 21h30, seguida de procissão de velas e liturgia da Palavra, no altar do recinto, a marcar o primeiro dia.
No domingo, e depois de uma noite de vigília, será novamente recitado o terço, na Capelinha, a partir das 9 horas, a que se seguirá a missa, a bênção dos doentes, a consagração e a procissão do Adeus.
Cumprindo uma tradição iniciada há 83 anos por um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica de 17 paróquias da então diocese de Leiria, no domingo terá lugar a tradicional oferta de trigo ao Santuário de Fátima.