A população de vários lugares da União das Freguesias de Colmeias e Memória, concelho Leiria, participa no sábado numa caminhada para contestar o pedido de atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais.
“Os principais motivos de contestação são o de a nossa região estar a ser fortemente afetada pela destruição provocada pela exploração de inertes e não haver a correta recuperação dos espaços”, lê-se numa informação enviada à agência Lusa por um dos promotores da iniciativa.
De acordo com a mesma informação, “atualmente na freguesia, localidades como Barracão, Igreja Velha, Portela do Outeiro, Crasto, Lourais, Sapinha, Serra do Branco e outras já estão fortemente afetadas por estas atividades extrativas”.
“Esta nova zona alvo fica paredes meias com as localidades de Agodim, Talos e Vale de Água”, adiantou, explicando que a exploração, a avançar, apenas fica “com a ribeira de Agodim a separar”, além de ficar junto a um lar de idosos e próximo de estabelecimentos escolares.
Segundo o sítio na Internet “participa.pt”, está a decorrer na Direção-Geral de Energia e Geologia um pedido de atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais de argilas especiais para uma área denominada “Cabeço Redondo”, numa área 83,9783 hectares, com o período de consulta pública a terminar em 11 de setembro. Até às 14 horas de hoje, existiam 37 participações.
A memória descritiva, disponível no mesmo sítio, refere que o pedido é da empresa Adelino Duarte da Mota, SA, “especializada na extração, preparação e fornecimento de matérias-primas destinadas à indústria da cerâmica”.
“A empresa pretende obter um contrato prevendo um período inicial de dois anos e uma prorrogação. Prevê-se um investimento global de 30.000 euros”, esclarece na memória descritiva.
Ainda de acordo com a empresa, “das atividades programadas a desenvolver neste pedido de prospeção e pesquisa, a cartografia geológica e amostragem de superfície não provocarão impactes na área a prospetar”, sendo que as atividades que poderão exigir intervenção no terreno são a eventual abertura de poços de prospeção e a realização de sondagens carotadas, e garantindo que a modificação do terreno original “será alvo de reabilitação”.
A União das Freguesias de Colmeias e Memória deu parecer “totalmente desfavorável” ao pedido, em março de 2022, assegurando tudo fazer “para impedir no futuro a extração de inertes neste local”.
A junta lembra que “tem vindo a referir nos pareceres emitidos” neste âmbito “a necessidade de se acautelar determinados pormenores que têm vindo a ser ignorados por parte das empresas que procedem à exploração, com a conivência de quem tem a obrigação de fiscalizar e de fazer respeitar as medidas”.
“Focamos essencialmente o quanto este tipo de atividade penaliza os moradores da região, em especial o incómodo provocado pela respetiva extração, que muito contribui para a degradação da qualidade de vida”, assinala a autarquia.
Para a junta, “se esta prospeção avançar e, caso se confirme a existência de minerais que justifiquem a sua exploração, os prejuízos seriam incalculáveis em termos ambientais e na qualidade de vida dos cidadãos” residentes na área limítrofe à área demarcada.
Já a Câmara Municipal de Leiria emitiu parecer favorável condicionado.
A caminhada começa às 17h45, no Clube Sete Arcos, em Agodim, e tem a duração prevista de uma hora.
À agência Lusa, um dos promotores da iniciativa, Pedro Nuno de Sousa, habitante de Agodim, adiantou que, paralelamente, decorre uma petição online, que já soma 434 subscritores, e dois abaixo-assinados.
Valerio Puccini disse:
– População de Colmeias e Memória organiza caminhada em protesto contra prospeção de inertes – “União das Freguesias deu parecer “totalmente desfavorável” à exploração, mas a Câmara Municipal de Leiria emitiu parecer favorável condicionado”. Palavras e comitês o caminhadas não são necessários para resolver problemas. Quando os políticos não servem os interesses dos cidadãos, os cidadãos têm de mudar os políticos. E’ preciso votar com base no interesse pessoal e não em ideologias. O conjunto de interesses pessoais individuais cria a maioria democrática e expressa os políticos que terão que seguir as indicações das urnas. Se não o fizerem, significará que nas eleições seguintes mudarão novamente. Não seria isso mais fácil e imediato? Menos palavras e ações mais concretas respeitando a única razão de existência de um político: a sociedade civil formada pelos cidadãos que votam. Portanto, se a câmara municipal se manifesta desfavoravelmente aos pedidos das freguesias….
Roby Silva disse:
Se entretanto, a CML decidir autorizar uma pedreira no terreno do seu vizinho avise, para não votar neles nas próximas eleições, daqui a uns anos.
Valerio Puccini disse:
Na realidade, pretendia apenas propor uma forma diferente de agir. Infelizmente, a experiência mostra que os protestos não trazem resultados depois. A alavanca do voto, num estado democrático, continua a ser a única ferramenta disponível. Provavelmente, uma votação diferente “ontem”, talvez e sublinho talvez, poderia ter levado a um resultado diferente hoje.