Os responsáveis da Junta de Vieira de Leiria, do concelho da Marinha Grande, estão apreensivos com os planos de instalação de uma “unidade de produção de biometano” junto à ETAR do Coimbrão, na vizinha freguesia do concelho de Leiria.
Em comunicado divulgado esta tarde, o executivo da Junta de Vieira de Leiria, adiantou estar a dar “voz aos anseios e preocupações da sua população”, demonstrando “a sua apreensão e ceticismo sobre a instalação de uma unidade de produção de biometano junto à ETAR Norte, sita no Coimbrão, que será obtido através dos efluentes agropecuários e avícolas produzidos na região”.
O projeto foi apresentado em março em Leiria, apontando para um investimento de 20 milhões de euros, precisamente direcionado para a “criação de uma unidade de produção de biometano a partir dos efluentes agropecuários produzidos na região”.
O projeto, anunciou na altura o município de Leiria, será desenvolvido pela empresa Biojoule Energy, na sequência de uma candidatura ao PRR – Plano de Recuperação e Resiliência. Na altura foi avançado que este equipamento “garante solução para cerca de 300 toneladas/dia de efluentes produzidos no concelho, dando um importante contributo para a resolução de um dos principais problemas ambientais da região”.
Localizada no Coimbrão, “junto à ETAR-Norte”, a unidade deverá tratar, anualmente, 40 mil toneladas de resíduos avícolas, 40 mil toneladas de efluentes suinícolas e ainda 20 mil toneladas de outros resíduos. A construção deveria avançar ainda este ano, anunciou-se na altura.
Contudo, o executivo local de Vieira de Leiria, manifestou hoje preocupação com o novo equipamento. “Havendo a dita preocupação com o projeto acima referido, esta redobra-se tendo em consideração os problemas ambientais existentes, provocados pela (inoperância da) ETAR Norte no rio Lis, bem como as respetiva consequências e impactos extremamente nefastos para a Praia da Vieira, em termos de qualidade das suas águas balneares (que se podem tornar impróprias a banhos), prejudicando gravemente esta estância balnear, bem como os maus cheiros que atingem Vieira de Leiria e as freguesias sitas a sul da ETAR”, adianta o comunicado.
Em concreto, o executivo da Junta liderada por Álvaro Cardoso, teme a “contaminação de águas, cheiros e gases a serem emitidos durante o processo de produção do biometano”. Manifesta ainda “preocupação quanto ao destino a dar às cerca de 300 toneladas/dia de efluentes” que “após a sua queima” serão “manifestamente nefastos para a saúde pública”.
No comunicado conhecido esta tarde, a Junta de Vieira de Leiria aponta igualmente as consequências do “aumento considerável do tráfego de camiões na zona”.
A autarquia revela ter enviado uma nota onde manifesta estas preocupações ao Ministério do Ambiente e Ação Climática, para as secretarias de Estado da Energia e Clima e do Ambiente, bem como para os deputados do PS e PSD eleitos pelo círculo eleitoral de Leiria.
Nessa mensagem, a Junta propôs a realização de um estudo de impacto ambiental e solicitou ao ministério que “encetasse diligências no sentido de poder garantir que se encontram salvaguardadas todas as condições de segurança ambiental”.
O secretário de Estado do Ambiente respondeu à Junta, indicando que o assunto foi remetido para a “Agência Portuguesa do Ambiente, I.P., para tomar as diligências no sentido de se obter a informação necessária”, revela ainda o comunicado desta tarde, da junta de freguesia.
A autarquia assegurou ainda que vai continuar empenhada “no acompanhamento da situação” e intransigente “na defesa dos interesses e bem-estar” da população e território.
O REGIÃO DE LEIRIA está a tentar obter uma reação da empresa responsável pelo projeto.