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Cartas ao diretor

Noite Amarela – I

Sou morador da avenida Heróis de Angola, em Leiria, e quero apresentar queixa relativamente ao evento que se realizou no dia 8 de setembro: Noite Amarela!

Senhores, no momento em que escrevo isto, são quase 0 horas e está um barulho ensurdecedor na rua. Estou em casa e com este estardalhaço parece que estou na rua. É completamente absurdo este barulho e não faz sentido.

Tenho um filho de 2 anos e como vai dormir? Apregoam demagogias de querer pessoas no centro da cidade, mas quem é que consegue paz com quase todos os meses a levar com eventos/barulho no jardim Luís de Camões? Não há outro sítio para fazer eventos e concertos ao ar livre em Leiria? Gastaram tanto do nosso dinheiro em obras no castelo para quê? Aproveitem o espaço e deixem as pessoas do centro em paz.

Enfim, é assim que anda a ser gasto o dinheiro dos contribuintes… A fazer eventos copiados da capital e trazem esta fantochada. Com este barulho quem é que vai fazer compras? Ou então façam estes eventos à porta dos senhores do executivo da Câmara [de Leiria] e vão ver do que falo.

Gonçalo Ramalho
Leiria


Secção de comentários

  • Valerio Puccini disse:

    Tomo as reclamações sacrossantas dos leitores como ponto de partida para tentar compreender os critérios que são utilizados para estes acontecimentos. Dizem que estes eventos são úteis para (re)animar a cidade, para dar impulso às atividades e isso pode ser verdade e apreciável.
    Poderíamos também concordar com a Câmara Municipal e dar-lhe algum crédito mas… infelizmente há sempre um mas…
    Um primeiro mas poderia ser: -mas porque não organizam estes eventos em espaços abertos e, em segundo lugar, porque não o fazem debaixo das suas janelas?
    Um segundo mas poderia ser: – mas é mesmo necessário que Leiria conquiste o título de cidade mais festiva do mundo, dada a série de acontecimentos?
    Uma terceira mas poderia ser: – esta cidade só tem problemas tão pequenos que podem ser resolvidos cantando e dançando, como se não houvesse amanhã?
    Infelizmente, esse não é o caso. Existem problemas e eles não são facilmente resolvidos. Insegurança no emprego, baixos salários, falta de oferta de habitação, mas sobretudo falta de oferta de rendas razoáveis.
    Não é certamente fácil para uma Administração lidar com problemas desta magnitude, mas também é verdade que este fluxo ininterrupto de celebrações parece quase uma compensação, e não a celebração de um sentimento partilhado de alegria.
    Talvez este contraste fundamental esteja também na base dos episódios de violência que ocorreram repetidamente em alguns locais da cidade. As pessoas não estão se divertindo, mas na verdade desabafando, dando voz (sempre em voz alta) às suas frustrações. -“Eu canto, danço, grito e não sinto necessidade -”
    Talvez tenhamos saído um pouco do assunto e seria necessário muito tempo e tinta (digital) para dissecar o problema. Talvez, sem a pretensão de pedir o impossível, bastasse o velho Bom Senso, como sempre. Espaços abertos fora de casa e respeito rigoroso por quem deve poder exercer, em silêncio, o seu direito de não ter vontade de festejar.

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