Os vereadores do PS na Câmara da Marinha Grande renunciaram aos pelouros, devolvendo-os ao presidente da Câmara.
Aurélio Ferreira, eleito pelo +MPM, força que elegeu três dos sete elementos do executivo, preside ao município e no arranque deste mandato atribuiu pelouros aos dois vereadores socialistas. Quase dois anos depois, os socialistas deixaram as áreas que lhes estavam atribuídas.
“Sentimos que aquilo que nos moveu ao aceitar este desafio está altamente comprometido”, confessaram os vereadores socialistas Ana Laura Baridó e António Fragoso em comunicado divulgado na noite desta quarta-feira.
Os autarcas socialistas revelam que os problemas de relacionamento com a maioria +MPM não são de agora, pois “a verdade é que muitas vezes não fomos executivo na verdadeira aceção da palavra, e não nos sentimos como integrantes de uma equipa”.
Ana Laura Baridó e António Fragoso concretizam várias situações que contribuíram para a rutura, nomeadamente “questões relacionadas com a necessidade de formalizar os contratos interadministrativos com as três juntas de freguesia” apontando o caso das “dificuldades colocadas” à Junta de freguesia de Vieira de Leiria “sobre a requalificação de algumas ruas, mesmo a expensas desta, com a obrigatoriedade de realização de um contrato interadministrativo, que nunca avançou”.
Os socialistas apontam igualmente o dedo ao facto de terem sido assumidos eventos “sem o nosso conhecimento”, dando como exemplo “a Noite Branca e a Feira do Vinho, do Mel e dos Enchidos, comprometendo o sucesso de iniciativas de associações”.
A “ausência de prestação periódica de contas” ou a “não consideração das nossas propostas relacionadas, por exemplo, com as AAAFs, CAFs e apoios escolares, em prol das famílias”, são outras das razões de queixa a que se junta “a falta de autonomia para a gestão e decisão em assuntos relacionados com os pelouros que assumimos”. Os vereadores do PS revelam ainda “discordância em relação a algumas decisões tomadas” que, entendem, “não abonam em prol das associações e marinhenses em geral”.
Neste contexto, apontam no comunicado desta quarta-feira, os vereadores eleitos nas listas do PS, “decidem devolver ao Sr. Presidente os pelouros que lhes foram por ele atribuídos, mantendo-se em funções no executivo, sem pelouros, mas com uma vontade inabalável de dar contributos para que a Marinha Grande, Vieira de Leiria e a Moita, retomem um ambiente de desenvolvimento e confiança no futuro”.
Presidente da Câmara e vereadores eleitos pelo +MPM lamentaram em comunicado a decisão dos dois vereadores socialistas – que já há algum tempo estavam incompatibilizados com a concelhia local do partido, crítica da ação da maioria que lidera o município. “Lamentamos a tomada de decisão”, referem. E recordam: “entendemos fazer uma governação coletiva, para a qual todos os vereadores foram chamados. Os vereadores do PS aceitaram fazer parte de um exercício permanente de funções”.
Este compromisso, entendem, “permitiu, independentemente de todos os constrangimentos, designadamente de natureza política, o desempenho de funções com dedicação e compromisso com a causa pública”.
Consideram igualmente que as questões invocadas pelos vereadores do PS “relacionam-se com matérias inerentes ao funcionamento organizacional, com a dinâmica do dia-a-dia e com o cumprimento de obrigações legais”.
Os elementos da maioria manifestam ainda convicção de que Ana Laura Baridó e António Fragoso, “irão exercer o seu mandato com o sentido de responsabilidade e cooperação, em prol do interesse público”.
Saúde, Coesão social e Gestão organizacional eram, até aqui, as áreas de ação dos pelouros de Ana Laura Baridó e António Fragoso desempenhava funções nas áreas da Segurança e Proteção Civil, Edifícios e Equipamentos municipais, Mobilidade e transportes, Assessoria jurídica e contencioso e Gestão organizacional.
O executivo conta igualmente com duas outras vereadoras, eleitas pela CDU.